15 de fevereiro de 2010

Privilegiado

Vinha eu a maldizer-me por ter adormecido e ir chegar tarde ao hospital, e por estar um frio cortante, e não parar de chover. Vinha enregelado e mal conseguia encostar as mãos ao volante que estava gelado.
Depois, vá lá, parece que toda a gente tinha ficado em casa hoje por causa do Carnaval - nem me tinha lembrado destas variações de fluxo no trânsito - e portanto consegui pôr-me em lisboa em 20 minutos. Nem no dobro conseguiria, num dia normal. E depois, como não arranjei lugar no hospital, vinha-me maldizendo novamente por ter de estacionar no parque pago e deixar lá mais uma vez uma batelada de dinheiro. Acabei por chegar mais cedo que quase toda a gente.
À saída do estacionamento, vinha a mandar uma mensagem ao meu amigo Freitas, directamente para o Funchal, que dizia "Triste vida". Imensas vezes lhe mando mensagens semelhantes quando vou entrar ao trabalho, mas hoje era mesmo sentido. É cedo, está muito frio... não estou a brincar, estava mesmo muito frio, e eu com dois pares de calças, duas t-shirts, uma camisola, um casaco bom e um cachecol. E a maldizer-me por ter cortado a barba.
E depois reparo em dois homens dentro de caixotes de cartão, a tremer de frio, debaixo das arcadas do centro comercial do Martim Moniz, só com um cobertor.
Voltei a olhar para o telemóvel e vi "mensagem enviada". Envergonhado, acelerei o passo para não chegar atrasado.

5 comentários:

  1. Pois.. por isso quando a MJ se queixa por eu não lhe comprar a boneca X, eu dou-lhe uma sapa e enumero os sem-fim privilégios em que ela vive.

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  2. Ahahahaha! Uma sapa é lindo!
    Pois... esta é a altura de lhe pegares nas rédeas, senão ...

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. São estranhos mundos que se cruzam e estranhas formas de vida...muitas vezes que não desejam ser mudadas e dois mundos que muitas vezes não desejam tocar-se...

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