24 de setembro de 2005

Desde México

Es increíble como las conexiones en la vida se dan.
Las presentaciones en algunos casos no importan tanto, creo que son las palabras y el pensamiento real lo que te hacen conocer a una persona.
Claro, aunque siempre es necesario tener una referencia de mi, de dónde vengo y de lo que hay en mi vida.
nací hace 22 años, en la hermosa y surreal Cd. de México, por el momento estudi y trabajo, tengo conflictos en mi vida un poco distintos a los de los otros jóvenes...
ya ahora estoy aquí, conectadome desde el otro lado del Atlántico con ustedes, no hay mucho que decir hoy, poco a poco espero que se interesen en conocerme a mi, mi mundo y mi cultura.

17 de setembro de 2005

...

Como pode a emoção
Tão veementemente ser tocada
Num tempo sem lugar
Neste e naquele altar
Em que a sagacidade do sonho
Ultrapassa a vida
Que dele tando carece!
Que força nos impele ao ignóbil mundo
Em que a tristeza aquece
A fiel magia de uma prece
Poética ...musical...
Que o tempo não esquece!
Loucura
Que abarcas o desespero
Que enaltece este fundo sem chão...
Só tu
Música serena e bela
Só a ti me apetece!

4 de setembro de 2005

I might be wrong - parte III - Partir os meninos todos

Estava eu já em alta, com meia dúzia de imperiais no bucho e a caldeira a trabalhar com umas ganzas, no meio dos camaradas do Avante, a fazer moches de cada vez que dava uma carvalhesa (o pessoal jovem de lá sabia a música toda! Isto é que é dedicação à ideologia...) e recebo uma mensagem de um bacano que eu conheço: "Queres vir fazer uma maratona de futsal em Talaíde? Pagas 10 euros mas os prémios são bons! Aparece amanhã em frente à igreja, às 18:30". E eu pensei: Ah e tal, vou lá partir os meninos, é como roubar um doce a uma criança... tenho bué experiência e tal, chego lá, número 10, pareço o maradona, os putos até vão parecer bonecos a cair. Nem é preciso um gajo tar em forma, vem tudo das férias, aposto que os gajos fumam bué e nem andam a pé, e são aquelas equipas das empresas que não jogam um caralhinho à bola, tipo aqueles gordos com barba por fazer, matarruanos que guiam aquelas carrinhas memo à sacana, que aparecem lá só por causa do jantar a seguir ao jogo, e umas bujas... tá limpo. Respondi a dizer que sim senhor, que que contassem comigo. E o dinheiro do prémio, dinheiro fácil, faz-me jeito!

No dia a seguir, ainda tava uma beca cheio de sono... meio a ressacar... e dou conta que nem ténis tenho pa jogar à bola. Procuro lá por entre os chanatos, as galochas de quando ia apanhar girinos para o lago que havia no inverno em frente à minha casa, os patins em linha da minha irmã aos quais tirei as rodas para fazer um carrinho de esferas, os pares de ténis que não quis deitar fora embora estivessem todos fudidos e com os dedos dos pés à mostra... encontrei uns adidas antigos, um número abaixo do meu, que não calçava desde que a decathlon abriu. E pensei: Ah, isto vai dar de certeza! Até faz o pé maneirinho, tipo rui costa, vai parecer que estou a fazer crochet com a bola! É mesmo a dar a pinta de predestinado! Já tou a ver os bacanos todos com ténis da Sanjo, Rainha ... e eu com uns ténis à puto... vou lá e parto os meninos todos! E os gajos a dizerem: epá o gajo corre bué, cuidado com ele!

Cheguei lá ao pavilhão... fiquei com o número 25, mas não me chateei, até fiquei contente porque assim olhavam pa mim e diziam ah, o gajo é o 25, não deve jogar népia, senão era o 7 ou o 10, caguem nele... e depois eu ia ter espaço para explanar o meu futebol. Não que eu precisasse, mas sempre dá para brilhar mais uma beca se não tiver uma carraça atrás de mim.
Tinham dito pa levar uns calções azuis, arranjei lá um fato de treino velho, azul, e mandei-lhe umas naifadas... aquilo ficou uma perna mais curta que a outra, pareciam calções de Râguebi, mas que sa foda, o que interessa é não os ter à mostra.

Primeiro jogo. Comecei a aquecer e tal... do outro lado os outros, com treinador e o caralho... altos exercícios, todos cromos! Eu tipo a dar toques na bola, fodax, aquecer pa quê? Chuta-se meia dúzia de vezes à baliza, do meio campo, e tá limpo! Molha-se o cabelo e faz-se um penteado à Quaresma (porque há gajas a ver o jogo) e olha, vamos lá partir a loiça toda.
A outra equipa tinha um equipamento todo ZLBD, tecido reforçado com os melhores linhos do Egipto, com umas abas em corte tipo selecção de futsal campeã do universo, patrocinado pelos Canalizadores Tavares e Filho, branco. Comecei-me a rir: ah, estes nem andar sabem. Muita fraquinhos, vai ser futebol espectáculo. Todos meiinha branca por cima do joelho, à Cristiano Ronaldo... deus me perdoe. Levam uma fruta naqueles joelhos, perdem logo a mania. Até têm um grito de guerra! E são 10! Nós só somos 5! 10 jogadores pa quê? Estes putos metem-se a jogar playstation e depois não correm nada. E aposto que têm asma e rinite alérgica... eix... até tiram foto da equipa! Grandas cromos...

Começou o jogo. Epá, tá uma beca de calor... humidade relativa superior a 100%, de certeza. Começo a transpirar, dou um sprint, chuto à baliza... parti-me todo. Epá, isto tá a custar um bocado. O segundo ataque... parto lá os rins a um gajo... corro assim de ladecos pelo campo, faço o corredor todo, passo o meio campo... epá cá vai disto, baaaamm... a bola vai ao poste e entra. Fodax granda golo, 1-0, eu bem tinha dito... grande jogador, tou a passar ao lado de uma grande carreira! Tudo a aplaudir e o caralho, obrigado, obrigado! Corro para a defesa outra vez. Mas os gajos a trocar a bola... nem fintam nem nada... tão feio! Têm medo, de certeza, e depois dizem números uns para os outros, e o treinador também diz números, um gajo deles vai marcar canto, diz um número, acho que era 18, devia ser a idade dele, achei por bem dizer-lhe a minha que é 25, de onde é que veio este gajo, Golo deles.
E continuam a dizer números uns para os outros... e a fazerem figuras geométricas no campo, fodax às tantas aquilo parecia um caleidoscópio, já nem sabia qual deles é que tava a marcar, são todos iguais. Comecei a ficar uma beca cansado... golo deles, golo deles, golo deles, fodax, sou substituido. Sento-me lá num banco de lado, faço logo uma poça no chão, de suor. Golo deles, golo deles, golo nosso. Intervalo.
"Atão pá? Os gajos trocam bué bem a bola... nota-se que treinam e o caralho... e eu vim ontem da terra, aquilo lá para beber minis é fodido pá!"
"Epá eu tenho aqui umas bolhas nos pés, já não jogo há bué! É melhor ficar cá atrás agora...".
Resumindo, no fim do jogo, 8-5 para eles. Ainda podemos passar, no próximo jogo é que é! Estes treinavam, nota-se bem... a gente não treina, nunca tinha jogado com a minha equipa, mas tínhamos o fábio, o cajó, o bernardino, e o serrado, tudo grandas estrelas da bola. Não tínhamos era feito a pré-época, mas isso não deve importar assim muito. Não foi por isso que perdemos, de certeza!

Fui para casa, descansei... comi uns pacotes de açúcar... fiz mais umas cenas, meti-me na net, vi uns vídeos com umas gajas... bué fixe... relaxei uma beca... voltei para lá... agora é que é! Vou partir os gajos todos. Cheguei lá e vi uma gaja a aquecer! Estes têm uma gaja na equipa! Eix... vai ser lindo. "Apalpas a gaja e ela larga a bola, eheheheh!". A primeira vez que peguei na bola, dou uma cueca num, e cá vai disto, Bam do meio da rua, com toda a força nas costelas da gaja, o rabo de cavalo dela parecia um cometa! Fui lá pedir desculpa e tentar ajudar a levantar, a gaja levanta-se sozinha: tá-se bem! joga a bola pá! E eu... ai é? fodax, és rija pa caraças... Estes defendiam à zona, metiam o autocarro em frente à baliza e depois jogavam em contra-ataque. Pá... levámos 8-5 outra vez. Vim pa casa todo fudido, atão os gajos tinham uma gaja na equipa e a gente perdeu? Descansei uma beca... nem deu para dormir bem, mas eu sou rijo pá, corro bué, dormir é pa gays.

Cheguei lá de manhã, um sol do caralho... bué calor dentro do pavilhão. O resto da equipa aproveitou para ir dar uma volta a Santos, beber umas bujas para matar o tempo. Chegaram 5 minutos antes do jogo, só deu para meter o equipamento, mas aquecer pa quê? Isso é pó pessoal mais velho que tem lesões e reumático! Eles eram uns putos, todos crominhos, parecia que tinham um equipamento à Estoril, amarelo e azul ou lá o que é!. Pá, devem jogar mal, este pessoal mais jovem não joga nada, têm a vida facilitada, são franguinhos, em vez de pés devem ter raquetes, tal como a bola vem a bola vai! De certeza! Sou mais velho, é só preencher bem os espaços, à Baresi... passinho à frente, passinho atrás, corrige a posição, tá limpo.
Tá bem tá. Levámos 14-3 dos putos, bazámos dali e levámos a mala cheia pa casa... eram 10 da manhã. E por altura deste texto, falta meia hora para começar o 4º jogo, o qual vamos perder 3-0 por falta de comparência.

Pude tirar algumas conclusões com esta maratona de futsal:

1 - Não posso sair tanto à noite, não posso mamar tantas bujas, e ganzar, nem pensar nisso é bom. Pulmões é mentira, e depois jogar à bola torna-se irremediavelmente coisa do passado.
2 - Fodax, uns ténis já se compravam. Logo depois do primeiro jogo tinha as unhas dos pés partidas. Os dedos parecem parecem caracóis esmigalhados, com bocados de carne, sangue, pele, unha partida, e uma aguadilha estranha.
3 - Correr para ficar em forma também dá jeito. E treinar um bocado antes dos torneios, é capaz de ser vantajoso. E um gajo sabe jogar à bola, não sabe jogar futsal. E queremos levar a bola pa casa... É como saber guiar e saber conduzir. Jogadas estudadas com números? Treinador? Bué gajos a rodar na equipa? Sempre a trocar a bola? Eles são capazes de ter uma beca de razão.
4 - Perdi 3 quilos desde ontem. É verdade, eles tinham lá uma balança!
5 - Não torno a masturbar-me antes de ir para os jogos dos torneios.
6 - Um gajo já não tem 18 anos para ir para os copos e no dia a seguir estar fresco como uma alface!

Enfim... vou meter os pés num alguidar com água e sal.

2 de setembro de 2005

Posso fazer uma pergunta?


Há vezes em que é preciso abrir a janela e deixar entrar o fresco da noite para não morrer sufocado. Há vezes... em que é preciso esfregar as costas da mão numa lâmpada incandescente até que o sangue ferva... para acordar da música feita de acordes menores, tristes, cantados em voz baixa, com agudos doridos e sofridos... e reintroduzirmo-nos à ideia de que o mundo não gira à nossa volta.

Passamos toda a vida a saltar entre o planeta EU e o planeta NÓS. Mal nos distraímos, somos sugados para o buraco negro do nosso ego. Depois eventualmente acordamos e reactivamos a indispensável consciência da nossa dimensão relativa. E outra e outra vez, como quando uma criança brinca com um interruptor da luz.
A nossa pequenez pode ser sufocante... frustrante... mas também pode ser reconfortante. Tudo depende do lado em que estamos da barricada: se junto daqueles que têm medo de ser felizes - esses, encolhidos, vivem na trincheira e eventualmente morrem mais velhos, tuberculosos, com água pelo joelho - ou junto dos outros, que se amarram aos foguetes para ver mais de perto o fogo de artifício, e aceitam sempre o mau como preço a pagar pelo bom; a adrenalina do risco como parte da recompensa. Esses muitas vezes não regressam para contar como se faz...
Encurralados entre os dois extremos, estão aqueles cuja vida se transformou numa tentativa desesperada de misturar água e azeite, e fazer sumo de azeite. Aqueles que alternam a euforia de viver dos corajosos com a tristeza de um bebé que chora porque quer sempre mais atenção; variam da sangria desatada de cantar e pular... para o medo de espreitar por cima do muro!
Esconde-te... sobrevive... acorda, levanta-te, vibra, estala, anseia! Explode! ... Foge! Corre! Atira-te ao chão, rebola, desvia-te... rasteja... submete-te, esbate-te. Uma vida com distribuição apenas aparentemente normal...

Portugal é um país de bipolares, com tendência maior para a depressão. De certeza que já alguma pessoa importante o disse. Vivemos de auges e períodos áureos... muito, muito espaçados no tempo.
Como orgasmos de uma frígida.
Como as miríades ondas da nossa interminável costa, que vêm e vão...