3 de agosto de 2008

Por favor, não tornem isto mais difícil do que já é!



E pronto, estamos novamente no Verão, e com ele vêm as férias, a praia, o sol, as cervejas, o resort ou o campismo, e todas essas coisas por que aguardamos ao longo de não sei quantos meses de estudo ou trabalho, dependendo do caso. Apesar de frequentemente a montanha parir um rato - porque toda a gente está à espera ansiosamente de uma maravilha qualquer que aconteça no Verão, e depois acaba tudo em filas de trânsito a voltar para casa ainda mais stressado do que chegou - a verdade é que não deixamos de esperar por isso.


Este ano, não é esse o meu caso. Como a maior parte de vós deve saber, vou ter um exame lá para Novembro, que é um bocado importante. Sem querer ser agressivo, mas tendo que ser honesto, digo-vos que é uma espécie de luta entre todos os que, como eu, acabaram agora o curso. A maior parte deles não conheço, porque são de outras faculdades, e mesmo na minha não conheço boa parte deles. Dos que conheço, muitos não me agradam assim por aí além. Mas há uns quantos por quem tenho amizade, e outros por quem nutro alguma simpatia. E falando nesses, não posso deixar de me lembrar aquela cena do filme "No escape" (também conhecido como "Escape from Absolom") em que o mau da fita mete dois amigos dentro de um poço e joga um pau afiado lá para dentro, obrigando-os a lutar até que um deles morresse. Ou então morriam os dois. Não é tão dramático como isso, mas bem vistas as coisas vamos estar a jogar uns contra os outros. Odeio a ideia, mas já não sou completamente virgem em relação a ela. Luta-se sempre: ou para entrar na faculdade, ou dentro da faculdade para ter os melhores horários, ou para estagiar no melhor hospital...

Encurtando razões, o que queria dizer-vos - ou melhor, às pessoas a quem interesse - é que a probabilidade de não aceitar convites de praia, uma cerveja, um café rápido, uma saída à discoteca, um cinema, um jogo de futebol, uma noite de sexo escaldante, uma ida às compras, um "estar-na-conversa", etc... é superior a 95%, com uma amostra randomizada, sem viés e com bom intervalo de confiança.

Não levem a mal, mas é que custa-me estar a recusar essas coisas todas. Claro que me custa mais a mim do que a vocês por não poder fazer convosco estas coisas, também não quero estar a ser pretensioso. Mas custa-me particularmente quando alguém fica ofendido por eu não poder aceitar alguma coisa.

Digo-vos sem rodeios: passo muito tempo a dormir, e às vezes até fico imenso tempo a vegetar em frente à TV a ver as televendas. Mas são coisas importantes de que não posso nem me vou privar. Até já me acusaram "Ah e tal porque dormes o dia todo e depois dizes que sim mas que também". Pois claro que é verdade. Mas é uma questão de opção, um gajo tem que descansar a alguma altura do dia ou da noite. Os padeiros também ficam acordados à noite, e aposto que a maior parte do tempo não é a jogar às cartas.

"Não me digas que não podes dispensar uma tarde ou uma noite, se o exame é só em Novembro" - se houvesse uma listagem das frases mais batidas ouvidas por mim e pelos meus colegas, esta seria provavelmente a que ocuparia o primeiro lugar. Agora respondo só "Não. Não posso.". E depois levam a mal...

Mas nem sempre foi assim. Eu antes respondia: "Se soubesses quantas pessoas é que já me disseram isso... se fosse a tirar um dia por cada convite que recebi, então só estudava na véspera!".


As respostas a isto variavam do "Ah, mas eu sou eu!" ao "E então, o que é que pode correr mal?".

Não há comentário possível.


As pessoas que me conhecem bem sabem que eu nunca me corto quando posso aceitar um convite, a não ser que esteja a cair de podre. E para essas, este reparo nem é necessário.

Este pequeno post é só para dizer, essencialmente, que sim, que adorava poder fazer todas essas coisas e ir a todos esses sítios, mas é uma questão de responsabilidade. Ninguém me obriga a estudar até lá. Não tenho um professor a obrigar-me a estudar todos os dias, ou um trabalho para entregar para a semana senão chumbo. Só eu é que me posso impor essa responsabilidade. Portanto, não sejam vocês a desencaminhar-me. Por favor, continuem a falar comigo, mas não me façam pirraça com as vossas idas à praia, não gozem, não convidem. Se me der um vaipe, eu penduro-me sem ser convidado ...


Beijos e queijos, até breve!