16 de setembro de 2009

Verdade

Dei comigo a pensar... Ui, quando dou contigo a dar a pensar, tenho medo. Pois, mas dei comigo a pensar que dirão as pessoas de mim depois de morrer. Eras um tipo ás direitas, um grande homem, um bom amigo: é o que se diz sempre. E é isso mesmo que me preocupa, assim todos são igualmente boas pessoas, mesmo quando não o são, nós cá sabemos bem que andam por ai muitos sacanas! No teu funeral, levanto-me e digo: Este tipo era um pulha, enganou a mulher, traiu a confiança de amigos, foi levado pela perguiça e pela inveja um bom punhado de vezes! Farias isso por mim? Sim, repunha a verdade... claro que me arrisco a engolir uma vela, mas tudo por ti, e pela tua verdade. Tu sabes que o que disseste é verdade, menti, perguicei, invejei... enganei! Bem, mas assim também és igual aos demais, todos fizémos isso. Mas a mim vais lá estar tu fazendo o favor de repor a verdade pois, no momento em que partir, não vai haver ninguém senão tu para repor a verdade, dizendo o que tem de ser dito. Arriscas-te a que nesse momento todos pensem que és igual aos outros. Tanto me importa... quero a verdade. Guardas a verdade para esse momento? Enquanto cá ándas, essa mesma verdade é por ti defraudada diariamente. Certo, mas só no fim posso ter a certeza que tudo fiz para arranjar o caminho, e tudo tentei para que no fim não fosse essa a verdade que tu sabes mas sim outra, aquela que é contada em todos os fins... E viveram felizes para sempre? Sim, e viveu feliz até ser vivo, tentanto fazer os outros felizes, mas acha justo, que neste dia em que se fina, que todos saibam, que sabia que todos saibam a verdade. Era eu como os outros. Sabemos nós que o és... acredita. Mesmo assim, quero que saibam que eu sabia que todos vocês sabiam da verdade. És um bom amigo, agradeço-te por isso. É isso que vais dizer no meu último dia?