26 de julho de 2004

O bap(?)tiz(s)ado

Cheguei atrasado à igreja e já lá estava o pessoal todo dentro, sentado nos bancos, com o padre (que era um patusco) a dizer que estávamos ali presentes para guiar a criança nos caminhos da fé; que Deus ia estar sempre presente junto dele, desde que ele quisesse seguir aquele caminho, etc...
Fez-me alguma confusão... então Deus supostamente não nos acompanha e não gosta de nós mesmo que nós não acreditemos n'Ele? Lá está, é aquela velha história do "toma lá, dá cá", sempre presente naqueles ditados populares que as pessoas muito católicas penduram nos seus estabelecimentos: "Deus recompensar-te-á em dobro as boas acções que fizeres"... ou então "se sacrificares uma virgem ao Imhotep terás férteis aluviões. Senão...". Não sei bem, mas parece-me que é uma sugestão um bocado interesseira.
Depois da missa sairam em magotes. Parecia um encontro da máfia siciliana da américa. O Paulo Portas fez definitivamente moda com aqueles fatinhos azuis escuros com riscas; ainda por cima numa igreja, mesmo à Padrinho. Só faltava chamarem-se Vinnie ou Frankie: tinham uns nós das gravatas enormes, como se tivessem lá enfiada uma sandocha de presunto para a viagem; óculos escuros, ar austero, a falarem em voz baixa uns com os outros à laia de segredo de estado (não o segredo de estado cá de portugal, esse fala-se em voz alta); e não faltaram os carrões de grande cilindrada para compor a cena. Só faltava que fossem pretos.
Depois, lá no sítio do copo de água, pude ver que escreveram o meu nome num papelinho que indicava o meu lugar na mesa - só foi pena ter dois erros; por falar em erros, no papelinho da ementa, especificamente feito para o evento, vi que havia três maneiras de se escrever uma palavra: batizado, baptizado e baptisado. Uma vez que não deve haver uma quarta possibilidade minimamente verosímil, é favor escolher uma a gosto sem receio.
Afinal, devem ter pensado que com três palpites haviam de acertar pelo menos uma vez. Ou então quiseram agradar a gregos, troianos e fenícios. Ou então queriam testar a atenção dos convidados... ou talvez o dicionário estivesse por baixo de uma camada tal de pó que não quiseram arriscar uma alergia. Ninguém se importa... aqui há pouco tempo até se escrevia pharmácia, não é? Isto está sempre a mudar, uma pessoa não se consegue manter actualizada!

1 comentário:

  1. Oh meu caro amigo...mas isso foi um baptizado ou um casamento... é que pla tua descriçao...so faltou a vitima do baptizado em questao atirar o bouquet... e akela bando de solteiras descabelaram se para o apanhar!Seja como for...foi cerimonia fina... com Paulo Portas e tudo, so nao compares o manifero a mafioso, porque a mafia sempre teve estilo... Beijos Dynah

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