8 de novembro de 2004

George W Bush

Eu ainda estou meio perplexo com os resultados eleitorais obtidos na semana passada nos EUA. Espanta-me que um energúmeno como aquele tenha conseguido mais de 50 milhões de votos, e pior!, vencer John Kerry por 3,5 milhões de votos.
Custa-me a entrar na mona que aquele que se revelou o pior presidente da história daquela nação tenha sido escolhido em massa. Aumentos brutais nos níveis de desemprego e nos custos opercaionais, o envio de milhares de soldados para o Iraque à caça de gambozinos (dos quais mais de mil já pereceram, e milhares já saíram feridos - mas há sempre um lado bom!, poderá ser instituido um governo America-friendly que venda petroleo a preço de amigo), a má campanha na caça de Osama bin Laden no Afeganistão, e a constante demonstração pública de falta de inteligência.
O problema é que ele tem um paizinho que a sabe toda.

Mas o que mais me espanta é que mesmo tendo aparecido um filme como Fahrenheit 9/11 (que, tirando algumas obvias manipulações artisticas para criar impacto, transmite a mensagem que o sr. Presidente é um granda filha da puta mentiroso e incompetente), a maioria dos americanos preferiu ignorar as provas e escolher um candidato que, tal como eles, defende os principios morais do catolicismo mais hardcore. «Ai o Kerry diz que os seus principios morais não vão influenciar as suas decisões? Esse herege defende que os paneleiros se podem casar e que os abortos são legais? vou votar no homem que defende os meus valores!», terão pensado decerto milhões de americanos na ruralidade enquanto tinham sexo com as suas irmãs.

No final tudo se resumiu a uma questão de religião, e não de competência. Kerry, ao defender o aborto e a pesquisa com células estaminais embrionárias, alienou milhões de votantes. Bush já proibiu a pesquisa com CE, e prepara-se para introduzir uma lei retrógrada para tentar proibir o aborto livre.

Outra coisa estranha (ou talvez não, porque já nada me surpreende), foram as irregularidades no processo de voto. Desde votos electronicos que não emitem recibo comprovativo da votação (e que como tal podem ser facilmente manipulaveis), a máquinas electronicas que vieram de fábrica com uma pré-definição a dar vantagem de 500 votos a Bush, passando pela anulação de votos (estatisticamente cerca de metade dos votos anulados deveria referir-se a um dos candidatos. Um estudo aponta que mais de 90% destes eram favoráveis a Kerry). Isto para não falar que certas assembleias de voto punham os jovens (mais favoráveis a Kerry) à caça de gambozinos, indicando que pessoas de uma certa idade tinham que votar num sítio especifico (que não existia). Ou muitas assembleias de voto terem à entrada panfletos cristãos que exultavam as qualidades morais de Bush. Só mesmo na América.
Basta dizer que no dia a seguir à vitória, o site da imigração do Canadá (que recebe os pedidos de vistos de residência) teve um aumento de 600% nas visitas.


Quero ir morar para Marte.

4 comentários:

  1. Ele está lá, nós aqui e a barca no Tejo... acho que já toda a gente sabe o quanto ele ultrapassa o limite do razoável. O gajo só quer ir à pesca e jogar golf, deixem lá o homenzito!

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  2. Acho que todos estamos perplexos com as votações da semana passada. Penso que a falta de carisma de Kerry levou a este resultado que, a meu ver, mesmo assim foi "empurrado", neste tão aclamado paraíso democrático (ou talvez não). No outro dia, como vi na CNN, quem votou a favor de Kerry não o fez por ser "pró-Kerry", mas sim por ser "anti-Bush".
    Com estes resultados, os preços do petróleo vão continuar a subir... Esta descida julgo ser "sol de pouca dura" para freguês ver. Enfim, a imbecilidade compensa.
    Bom desabafo, Rui! Continua a brindar-nos com a sobriedade e acutilância dos teus textos! Já agora, arranja-me um lote de 100 metros quadrados ao lado do teu (em Marte, claro).

    Um abraço!


    Pedro, se esse homem só jogasse golf... Estavamos bem melhor se ele fizesse só isso! Sempre levava umas tacadas do Tiger Woods (na fronha...).

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  3. Não desesperem, nem tudo é mau, ao menos ele (bush) já não se pode candidatar mais

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  4. Muito bem dito.. gostei principalmente da força informativa do texto, recheado que coisas que não sabia, mas de que não duvido agora!
    Eu por acaso nao pensaria muito em ir para marte.. preferia começar a andar sempre a pé, pescar, e comer relva, ou seja, passar incolme à situação que me rodeia.. era giro :P keep posting!

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