30 de janeiro de 2024

28 de janeiro de 2024

Self esteem


    A minha filha está a aprender a juntar letras.
    Muitas vezes quando vê algo escrito, pergunta "o que diz?".

    Desta vez fiquei com uma pequena massa de ar presa na traqueia. Ainda bem que decidi tirar uma fotografia e a distraí da pergunta para ganhar tempo.


"Ama-te a ti mesmo"


Esta ideia é

óbvia
irritante
correctíssima
ininteligível
um pilar de qualquer pessoa resolvida
complicada de pôr em prática
fundamental para atingir a felicidade (seja lá o que isso for)
uma PedroChagasFreitice tragada e borrada pelo Gustavito
uma necessidade de La Palisse
um "conselho" que te é dado por alguém que se fartou de ti
...


    Ponham um xis naquilo em que acreditam. Melhor ainda: acrescentem premissas.


    "Não sei, filha. Não percebo a letra...".
    Pouquinho depois já ela se tinha afastado dali a borboletear pelo jardim afora.




27 de janeiro de 2024

Falou e disse - 49

   Sra. Advogada - Quanto eu tiver a minha casa pronta, logo te mostro uma coisinha ou outra que sei fazer.

    STP - Também tens a minha cozinha à disposição.

    Sra. Advogada - Mas não estou muito habituada a cozinhar em fogões de fogo.

    STP - Portanto, fogões.

    STP - Os outros não são fogões. Não têm fogo ;)

    Sra. Advogada - Podem ser fogões eléctricos!

    STP - Fog... Fogo - fogão 🔥 :p

   Sra. Advogada - C-omboio / c-arvão. E já não tens comboios que andem a carvão. Portanto o teu argumento não faz sentido.

18 de janeiro de 2024

Vinte e oito dias de cor - 03

    Ao passar numa rua junto às escadinhas do duque, disse à minha companhia que havia ali um restaurante a que eu ia muitas vezes com o meu pai, que se chamava o Caçador de Oliveira.

    O dono era um senhor transmontano gordinho de bigode e cabelo só dos lados e atrás, que falava de tal forma depressa e atabalhoadamente que só se percebia o fim das frases. Mas ele atirava as costeletas de vitela gigantes para cima da grelha, jogava-lhes sal grosso para cima e acariciava-as depois com dentes de alho esmagados com casca e tudo, usando o cutelo. Ainda hoje é assim que eu grelho um bife.

    Mas quando contornámos a esquina vi que no lugar do Caçador de Oliveira havia um restaurante de ramen. Pode dizer-se que não é surpreendente, e que é apenas mais um sinal dos tempos.

    Mais uma vez disse que nunca comi ramen e mais uma vez disse que não sabia o que era. Mais uma vez a minha companhia me convidou para comer ramen um dia.

    Como já referi na publicação anterior, comprei um óleo de sésamo muito bom, e depois pesquisei por receitas em que pudesse experimentá-lo. Dei com um blog - sim, parece que eles ainda existem - que tinha a receita de um ramen.

    Sim, eu nunca provei um ramen feito num restaurante e também ainda não fui ao Japão. Mas precisamente por isso decidi experimentar seguir a receita do tal blog.

    Confesso que sou um pouco céptico relativamente a publicações com receitas de cozinha. Já experimentei várias vezes seguir receitas e fico muitas vezes com a ideia que falta qualquer coisa. E às vezes até, pior do que isso, fico com a sensação que as pessoas que publicaram as receitas nunca as executaram, ou só as executaram para tirar fotos.

    Então fiz o ramen de cogumelos shitake e couve pak choi - relativamente à receita usei muito mais quantidade de temperos, acrescentei água várias vezes ao caldo de legumes, mas fora isso segui as proporções. Cheguei à conclusão que a quantidade de noodles referida na receita é o dobro do necessário, para não dizer o triplo - e eu acrescentei o caldo com água! A não ser que se queira uma massa com couves e cogumelos, sem caldo.

    Fiquei portanto com ideia que a senhora do blog não percebia nada daquilo, embora as fotos estivessem bestiais, e quem estava comigo à mesa ouviu-me a dizer cobras e lagartos sobre as receitas tiradas da net.

    Bem... a verdade é que no dia seguinte fui lá ver o blog outra vez. Percebi que tinha sido actualizado há poucos dias - o que é um óptimo sinal - e afinal tem uma bela longevidade e uma quantidade enorme de receitas que me apetece experimentar. Ainda por cima o senhor - sim, afinal é um senhor, confesso que estava a ser sexista - escreve muito bem e fotografa lindamente. Fiquei muito interessado e com a sensação de que tinha sido injusto. Uma pessoa com uma dedicação destas não pode fazer coisas na cozinha só para se armar em boa. Mas, meu senhor... 250g de noodles para 1,2l de caldo? I think not.

    Não ficou nada mau para o meu gosto, mas vou fazer mais vezes para ficar melhor ainda.


Vale (muito) a pena - 01

 

    Encontrei esta loja há muito tempo e tinha comprado lá uma vez um óleo de sésamo (de sementes tostadas) estrondoso. Mas não voltava lá há anos e tornei a ficar maravilhado. Tem imensos ingredientes pouco comuns e é uma maravilha para quem quer experimentar cozinhar coisas diferentes. Fica no Buzano, ali encostado à Madorna...

15 de janeiro de 2024

Vinte e oito dias de cor - 02

     Estão a deixar-se dormir…

   Sou do tempo em que (quase tudo) fariam por um jantar. Ainda só tenho uma candidatura.

    Eu não posso concorrer. Mas fiz um arroz colorido inspirado num prato que uma vez fizeram para mim e me surpreendeu completamente.




14 de janeiro de 2024

Falou e disse - 48

 


A minha filha - Gosto muito de estar contigo!

STP - E eu ainda gosto mais de estar contigo, filha…

A minha filha - Este creme é tão bom que gostava de ficar com ele para sempre!

13 de janeiro de 2024

Falou e disse - 47

(Deitada, podre de sono mas excitadíssima)

    STP - Tu és a coisa mais boa do mundo para o papá.

  A minha filha - Não! Tu é que és a coisa mais boa do mundo... Chulé! Ahahahahahahahahahaha! (a rir alto a gozar).

(nem trinta segundos depois estava a dormir e a babar a almofada).

Falou e disse - 46

    STP - Filha, já te deitaste mas tens de vestir o pijama!

    A minha filha - Só estou a descansar um bocadinho!

    STP - Não é para adormeceres! Vou só lavar a loiça num instante e já venho ajudar-te! Olha que depois custa mais!

(lavei a loiça e voltei, parecia mesmo que estava a dormir)

    STP - Eu avisei, filha... pijaminha!

(abre os olhos)

   A minha filha - Pai, eu não estava a dormir, estava só a pensar de olhos fechados.

    STP - E no que pensavas tu?

    A minha filha - Sabes, se fechares os olhos pensas melhor.

(Havia um meio louco que dizia que pensar era estar doente dos olhos. Vais no bom caminho, vais...). 

Falou e disse - 45

    (No carro, de manhã cedo, antes das compras)

    A minha filha - O que é que estás a comer?

    STP - É um rebuçado...

    A minha filha - Também queria! Posso provar?

   STP - Este és capaz de não gostar, não é muito bom para ti... [era um Halls original, de mentol, daqueles de embalagem azul]

    A minha filha - Então porque é que tu comes?

    STP - Filha, o pai gosta, é fresquinho... e cheira bem!

    A minha filha - Tu comes porque a tua boca cheira mal, não é?

    STP - ... 
(dei-lhe um bocadinho pequeno de um Halls; ficou muito quieta a olhar para mim)

    STP - Então, já tens a boca fresquinha?

    A minha filha - Pica! É picante! Tenho a língua a arder!

   STP - Oh meu amor... não precisas de comer, era só para provares, tu é que pediste... deita fora!

    A minha filha - Não... eu gosto, é bom.

*

(À vinda das compras, outra vez no carro)

    A minha filha - Re-bu-ça-do! Re-bu-ça-do!
(e não se calava)

   STP - Oh filha, já provaste um bocadinho, agora não te posso dar mais. Talvez mais logo à noite...

    A minha filha - Está bem...

*

   (Quinhentos anos depois, à noite a ver desenhos animados, depois do jantar, depois de ter estado à tarde numa festa de anos a comer toda a espécie de javardice habitual nas festas de anos, depois de ter jantado como se não tivesse sequer lanchado)

    A minha filha - Pai, quero colinho...

    STP - Claro, anda cá, filha...

    A minha filha - Sabes, gosto muito de estar contigo.

    STP - ...

    A minha filha - Prometeste-me uma coisa e não me deste!

    STP - Prometi o quê? Não me lembro...

    A minha filha - Re-bu-ça-do! Re-bu-ça-do!

[É assim que elas começam...]

11 de janeiro de 2024

Vinte e oito dias de cor - 01

      Disse-me há tempos uma pessoa muito querida - várias vezes - que comida colorida é comida saudável.
    
    Alguns peixes e salamandras e cobras e plantas são maravilhosamente coloridos e depois lixam-te todo com paralisia, dor excruciante e hemorragias internas até à morte, mas... gosto de pensar que ela tem razão de um modo geral. 
     Por isso... estou nessa. Nos próximos 28 dias, se puser aqui fotos de comida, há de ser o mais colorida possível.

    A quem ler isto (sim, vocês quatro...), lanço o desafio. A foto mais gira de comida colorida ganha um jantar à minha pala.


(Não sei se emagrece... mas cor não falta. E estava bonzinho...).

4 de janeiro de 2024

Cantar lava-me a alma... - 03

... e portanto durante o duche lavo-a a ela e ao corpo.

    Ao menos prestem atenção à música original, que é incrível.

Falou e disse - 44


    Sra. Advogada - Conseguiste tratar daquilo com a outra condutora?

    STP (com sono e vinho em cima) - Hum hum...

    Sra. Advogada - E já tens os dados? Já preencheste o papel do seguro?

    STP - Tenho... falta preencher umas cenas... depois tenho que ver... se mando por correio ou tenho de entregar pessoalmente...

    Sra. Advogada - Bla bla bla seguradora... bla bla bla balcão de Cascais... bla bla bla mediadora?

    STP - Hum hum ...

    Sra. Advogada - Estava a perguntar quem é a tua mediadora!

    STP - Não sei...

    Sra. Advogada - Queres mandar-me as coisas amanhã que eu trato disso?

    STP - Claro que não...

    Sra. Advogada - Porquê?

    STP - Porque não! Olha agora...

    Sra. Advogada - A sério! E fazes-me uma pizza.

    STP - wtf? Isso agora é assim?

2 de janeiro de 2024

Faz-te lembrar alguém?

 


     Esta cadeira faz-me lembrar alguém bonito, com idade aparente inferior à real, cheio de cor, aparentemente confortável, mas a quem faltam parafusos.
         Qué hacer?

1 de janeiro de 2024

Happy New Year!


    Um bom ano para todos, com todos os clichés habituais, mas sinceros!
   Comi as doze passas, subi escadas, usei boxers azuis claros, mas não pedi desejos nem tomei resoluções.
    Acho que 2024 tem tudo para ser um ano melhor do que o seu antecessor. De facto, as resoluções já as tinha "resolvido" há seis meses e cumpri-as. Este ano que passou foi fértil em lições muito duras, mas também em bons reencontros e em libertação de auto-repressões. E também me trouxe uma prenda: devolveu-se-me o meu Eu, que andou perdido não sei onde por tanto tempo.
    Aos meus amigos, e ao punhado de pessoas que me agarraram quando tropecei, não posso agradecer o suficiente.