Cometi uma loucura e fui ao Pingo Doce a meio da tarde da véspera de fim de ano. E vi lá algumas das colisões mais brutas entre pessoas e carrinhos e cestos de compras, que só se perdoam nestes dias de confusão. É interessante ver que quanto menos espaço há disponível, menos inteligentes as pessoas ficam a gerir os seus movimentos, e mais stressadas ficam.
Fui lá comprar passas e algo para brindar. Nem um espumante daqueles polivalentes que dá para limpar azulejo, nem um champagne a sério. E as passas, bom... as passas podem ser sultanas, e não aquelas pretas do tamanho de ameixas. Que os meus desejos não são assim tão megalómanos. Nos tempos que correm, já vejo com alguma satisfação não ficar com algum impactamento esofágico - real ou metafórico. Adiante...
Ia na fila para pagar, e há uma senhora com um bebé atrás de mim, e um cesto de compras cheio no chão. O bebé devia ter pouco mais que dois anos, e não parava de chorar. Na verdade, no meio de tanta confusão e de tanto tempo de espera, aquele espaço comercial parecia saído do Apocalypse Now Redux, pelo que não podia deixar de sentir para com ele uma certa empatia.
Antes que pudesse dizer-lhe para passar à minha frente, na fila ao lado abriram caminho para a senhora passar à frente, e foi o que ela fez, enquanto o bebé berrava lágrimas e ela empurrava com o pé o cesto no chão, dizendo obrigada! obrigada! a cada pessoa que passava. Quando lá chegou à frente, o bebé calou-se e disse bem alto: obigada!
Há esperança.
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