31 de dezembro de 2012

MIss Atomic Bomb



Happy new year!

Obigada!


Cometi uma loucura e fui ao Pingo Doce a meio da tarde da véspera de fim de ano. E vi lá algumas das colisões mais brutas entre pessoas e carrinhos e cestos de compras, que só se perdoam nestes dias de confusão. É interessante ver que quanto menos espaço há disponível, menos inteligentes as pessoas ficam a gerir os seus movimentos, e mais stressadas ficam.
Fui lá comprar passas e algo para brindar. Nem um espumante daqueles polivalentes que dá para limpar azulejo, nem um champagne a sério. E as passas, bom... as passas podem ser sultanas, e não aquelas pretas do tamanho de ameixas. Que os meus desejos não são assim tão megalómanos. Nos tempos que correm, já vejo com alguma satisfação não ficar com algum impactamento esofágico - real ou metafórico. Adiante...

Ia na fila para pagar, e há uma senhora com um bebé atrás de mim, e um cesto de compras cheio no chão. O bebé devia ter pouco mais que dois anos, e não parava de chorar. Na verdade, no meio de tanta confusão e de tanto tempo de espera, aquele espaço comercial parecia saído do Apocalypse Now Redux, pelo que não podia deixar de sentir para com ele uma certa empatia.
Antes que pudesse dizer-lhe para passar à minha frente, na fila ao lado abriram caminho para a senhora passar à frente, e foi o que ela fez, enquanto o bebé berrava lágrimas e ela empurrava com o pé o cesto no chão, dizendo obrigada! obrigada! a cada pessoa que passava. Quando lá chegou à frente, o bebé calou-se e disse bem alto: obigada!

Há esperança.

20 de dezembro de 2012

Default




I laugh now
But later's not so easy
I've gotta stop
The will is strong
But the flesh is weak
Guess that's it
I've made my bed
And I'm lying in it

But it's eating me up
But it's eating me up
It's eating me up (If I could feel all the snakes on my heads).

7 de dezembro de 2012

Não é preciso ...



And we breathe it in
There is no need to forgive
Breathe it in
There is no need to forgive...

6 de dezembro de 2012

Uma explicação da chuva


Chove.

Chove para que as estradas fiquem limpas para poderem encher-se depois novamente de todas as porcarias gordurosas imagináveis.
Chove para que os vidros dos carros fiquem embaciados e para que nos possamos insultar uns aos outros no trânsito de forma especialmente inconsequente.
Chove para que possamos conduzir mais depressa.
Chove para que possamos ter tema de conversa às portas dos cafés dos locais de trabalho, mostrando-nos admirados por cair água do céu em Dezembro.
Chove para que possamos andar cabisbaixos no nosso caminho, sem serem precisas explicações para a falta de um olá-tudo-bem quando nos cruzamos.
Chove para que possamos ficar em casa a ouvir a saraivada a bater lá fora.
Chove para que haja chapéus de chuva, seguros contra terceiros, gabardines impermeáveis, arcas-de-noé.
Chove para que se possa dizer que "faz muita falta a chuvinha".
Chove para que o boletim meteorológico possa acertar às vezes.
Quando andava na quarta-classe  andava na fase dos "como" e fiz um trabalho para a aula de Meio Físico sobre o ciclo da água, numa cartolina com colagens. Aí se aprendia que só chovia em cima das montanhas, depois os rios formavam-se e passavam pelas hortas e iam dar ao mar, e só no mar é que a água voltava a evaporar.
Bastante mais tarde, na fase dos porquês, aprendi sobre condensação, ligações por pontes de hidrogénio, electrões... gelo I, gelo II, gelo III... até ao gelo XV ou XVI. E porque é que podia cair granizo, água, neve, formar-se geada...


*

Pensei nestas coisas todas enquanto via chover de uma janela, ainda molhado de ter vindo lá de fora. Nunca usei chapéu de chuva. O menos mau que ela me faz é ensopar-me.
Porque é que a chuva me bate assim ?

*

Chove porque faz muita falta ter tema de conversa.
Chove para podermos insultar inconsequentemente o boletim meteorológico.
Chove para que possamos ficar em casa a enchermo-nos de todas as porcarias gordurosas imagináveis.
Chove para que os vidros dos carros possam ficar embaciados sem serem necessárias explicações.
Chove para dizermos olá-tudo-bem mais depressa.
Chove para acertarmos às vezes no caminho apesar de cabisbaixos.
Chove para ficarmos limpos.