30 de janeiro de 2007

I might be wrong VIII - Sim, Não, ou Não sabe/Não responde ?


Depois de algum tempo arredado destas lides, não poderia deixar de escrever qualquer coisa, estimulado como fui pelo texto do Pedro, mais uma vez aclamado sem surpresa pela crítica.Devo dizer que fiquei contente por ver um texto relacionado com o aborto, mas completamente diferente dos que se costumam ler por aí. Estou completamente farto do tema, do esgrimir de argumentos... houve até alguém bem próximo de mim que me disse que o país iria entrar em depressão generalizada após o referendo. Imediatamente me lembrei de que diziam exactamente o mesmo antes da Expo98 e do Euro2004.

Como dizia, estou realmente sem vontade alguma de defender a minha posição e o meu voto. Tenho uma opinião, naturalmente. E posso até dizer que, em parte, consigo delinear meia dúzia de argumentos, e noutra, tenho a opinião que tenho não sei bem porquê. Vem do meu interior, não se traduz por palavras, e na verdade não será necessário fazê-lo. Porventura, essa será talvez a parte mais importante da minha convicção, porque é uma espécie de essência destilada das minhas vivências, do que observei até agora por aí, e das minhas reflexões sobre o tema - confesso que já pensei muito nisto, e talvez por isso é que desisti de fazer valer a minha dama em debates, entre amigos, colegas, etc. Não deixa de ser aparentemente paradoxal que, após ter gasto tanto tempo a reflectir, e após ter ouvido e observado tantas realidades diferentes e antagónicas, seja menos capaz e tenha menos vontade de produzir uma argumentação. Isso será, talvez, porque me tenha convencido de que esta não é, de todo, uma questão de convencer pessoas. Ou elas conseguem sair de si mesmas e dos seus espectros que as rodeiam, ou então não serão capazes de ter uma opinião justa, e muito menos fazer campanha de defesa dessa opinião.Para quem já estava a esfregar as mãos de contente, esperando um rol de armas de destruição maciça como defesa acérrima de uma das facções, desengane-se.

Como disse e sublinho, não tenho pachorra para falar de argumentos. Mas ainda tenho menos para aturar a esmagadora maioria de pessoas que, no nosso país, opta por fazer campanha, tanto pelo sim como pelo não em resposta ao referendo. Na televisão, pessoas como Edite Estrela ou Zita Seabra, para falar em algumas das mais mediáticas, não deviam ser porta-estandartes. Nem vale a pena caracterizar pessoalmente estas duas indivíduas, mas apesar do ridículo que são, continua a ser-lhes dado tempo de antena, e isto é algo que não entendo. Opiniões o mais politizadas e partidarizadas possível não é o que se pretende, numa questão que envolve a nossa consciência e nada mais do que isso. E já basta.
A maioria das pessoas não está habilitada a decidir sobre esta questão que envolve as outras 9.999.999 pessoas, ou por ser demasiado nova, ou por ser demasiado velha, ou por ser demasiado rica ou pobre, ou por ser homem (aqui com algumas reservas, mas não muitas), ou por ser demasiado alheia. Estou aqui a imaginar um bancário, de 45 anos, estéril, que vive para o trabalho, não é casado, tinha negativa a filosofia, português e história quando andava na escola, e a única coisa que lhe dá prazer é ver o benfica a jogar aos domingos. Esta pessoa terá nas urnas o mesmo peso do que uma mulher que já fez um aborto por decisão própria, porque achava que devia fazer, arriscando-se a várias complicações do ponto de vista penal e da própria saúde.Torno a dizer que não é minha vontade defender o sim ou o não. Mas que este referendo é um bocado estranho... ai isso tenho-o para mim e ninguém mo tira.

Mas falarei agora um pouco de pessoas comuns, porque as mediáticas são mediáticas muitas vezes por serem autênticas anormais.
Fiquei a saber que na minha faculdade (não vou lá há montes de tempo - a partir do 4º ano continuamos o curso noutros sítios) o pessoal dos 3 primeiros anos anda a fazer campanha pelo sim e pelo não. Sem rodeios, digo à boca cheia: que... RIDÍCULO. Claro que os jovens têm direito à opinião e são parte interessada. Na verdade, no meu curso em particular, até acho que devem pensar sobre o assunto. Mas terem a pretensão de poderem fazer campanha, ou seja, defender acerrimamente uma opinião e tentar convencer os outros... já acho estupidez pura. Para já, não vão convencer ninguém, porque as pessoas têm tendência de ficar na sua. E em segundo lugar... são crianças! E ainda por cima, em boa parte dos casos, riquinhos! Que background social poderão ter para se poder pronunciar em campanha? Na verdade, estes jovens, mais do que ninguém, cheiram que tresandam aos próprios meios socio-económicos nos quais se inserem, e as suas opiniões não são mais do que a súmula dos interesses destes mesmos meios.

Os putos do sim, muito convencidos de que têm consciência política e de que são humanos. Habitualmente sabem de trás para a frente "Mensagem" do Fernando Pessoa, só vêem filmes no Quarteto (se possível, do Kusturica), adoram acordeão, e só falam de bandas e escritores que ninguém conhece. E se conhecermos, bem ... "já foi melhor do que é agora!" - dizem, desdenhosamente. O que eu gosto mesmo é quando digo que não tenho paciência para os seus discursos panfletários, e eles me respondem (tendo menos 500 anos de idade do que eu) que eu sou uma amiba, um afectado pelo torpor, uma amiba sem consciência política. Ao que eu lhes digo: tu ainda não eras nascido quando deu "Os amigos do Gaspar" pela primeira vez na televisão, pois não? Então tem mas é juízo e faz essa penugem mal semeada, que não ficas parecido com o Che. E vai lá ouvir o Çaçetti na tua aparelhagem de 300 contos, ou ler o Fiodor Mikhailovitch Dostoievski!

Os putos do não são pelo menos tão mauzinhos como os do sim. Antes de mais nada, não vi muitas pessoas com poucos recursos financeiros e de backgrounds menos favoráveis a defender o não. Por outro lado, sempre que aparece alguém na televisão a defender o sim, é quase sempre uma tia ou um monárquico, ou então alguém de uma organização cristã católica qualquer. E é sempre pessoal rico.Apetece-me dizer-lhes: ó meu amigo, gostavas de viver na monarquia, era? Mas sabes que naquele tempo não havia dentistas e o pessoal quando ficava sem dentes não passava a usar placa como a avozinha? E também não havia Holmes Place? E tinhas de entregar metade das tuas colheitas ao rei? Sim, porque quase toda a gente era camponesa, ou só conheces essa palavra dos folhetos do Pizza Hut? Arranhavam ali no duro e não havia debulhadoras para fazerem os fardos de feno para os animais! Já foste ao castelo de S.Jorge? Parece-te cor de rosa e com torres douradas como o do Rei Artur? Cola mas é esse símbolo da monarquia que tens atrás no Audi A4 na peidola e não me venhas chatear com essas tretas do direito à vida! E tu, minha amiga, quando fores a correr para Espanha no fim do Verão com o resto do dinheiro das férias que os teus pais te deram, depois de uma estadia com os teus amigos em Vilamoura, diz-lhes que vais comprar caramelos! Mas lembra-te que o que os teus pais não souberem, Deus saberá! E por falar em Deus: sabias que um verdadeiro cristão renuncia aos bens materiais e anda descalço na rua? Vai lá agora sair à noite descalça para o bairro alto! Na verdade, tenho uma ideia melhor: porque é que não pões também entre os dedos um balão com um digestivo, como a tua mamã, e te sentas aos pés dela, no taco de carvalho ou no tapete Luis 15 junto à lareira crepitante, enfiadinhas as duas em robes vermelhos e dourados, e quando ela estiver já com um grão na asa, lhe perguntas sobre os namorados antigos dela? Queres uma rainha como a de inglaterra? Bem, essa ainda não percebeu que se enganou no cálice. Inúmeras e repetidas vezes. E o que tinha lá dentro não era bem água benta. "A rainha que não se curva perante ninguém". Bah! Tretas! Tem uma cifose tão grande que já parece uma maria-café!

O resultado do referendo, já se sabe, nada mudará, independentemente de qual for. Mas acho que deviamos aproveitar a oportunidade para juntar este pessoal todo das campanhas, e era pezinhos em latas de robialac com betão, enfiadinhos em sacas de sarapilheira, e Tejo com eles. É desta que fica sem peixes, porque a paciência deles para pregações também é limitada.
Acalmo-me.
Sou da classe média baixa. Estudo medicina, directamente ligada à problemática do aborto. Tenho amigos de todos os quadrantes, e ouço-os sempre com muita atenção, mesmo aqueles que descrevi há pouco. Raramente contraponho alguma coisa, prefiro ouvir para ver se aprendo algo novo. Tenho estado nos hospitais de lisboa, e contacto com os doentes da enfermaria, das urgências e das consultas. Observo-os e tento perceber de onde vêm, o que fazem, que nicho social ocupam. Presto atenção ao sofrimento que boa parte deles traz às costas. Contemplo e ouço as acções e decisões dos meus colegas, e também dos médicos que nos instruem (quando o fazem). Nos transportes (quando vou de transportes) ouço as conversas cruzadas dos portugueses anónimos, até mesmo sobre o aborto. Já vou para os 30, e acho que até posso dizer sem grande erro que passei pelo intervalo de idades mais provável de se ser confrontado com a decisão de um aborto. Tive algumas namoradas, e andei, tal como quase toda a gente que conheço, à rasca à espera que viesse a menstruação da namorada. Também tentei comprar preservativos em pequenas máquinas instaladas à porta de farmácias, à noite (aquelas que encravam sempre ou estão esgotadas). Passei por várias coisas relevantes, tenho uma opinião sólida, informada pelas ciências da vida e formada pela consciência. E nunca passei pela situação de fazer ou não aborto, não espero passar, e nem faço a mínima ideia do que deve ser. E por isso mesmo já percebi que fazer campanha sobre esta situação é não só inútil como estúpido. Mas abençoadas sejam as pessoas aprisionadas pelo raciocínio linear, porque são elas as donas do mundo (pelo número) e da felicidade (pela limitação de ideias).

Só uma pequena ideia que tenho para mim e partilho convosco, defensores do sim ou do não. Esta é uma boa oportunidade para nos congratularmos por termos nascido, por estamos vivos, por termos saúde, e por termos ou termos tido pais que nos amaram e nos educaram com maior ou menor dificuldade porque tiveram possibilidade para isso. Amém.

PS - Gosto sempre de passar na segunda circular e ver os simpáticos outdoors dos defensores do não. "Contribuir com os meus impostos para financiar clínicas de aborto? Não, obrigado!"... "Abortar por opção sabendo que já bate um coração? Não, obrigado!". Gosto, não sei! É como se dissessem: "Epá, caro gajo defensor do sim, criminoso sem escrúpulos e escumalha da sociedade, obrigado por me fazeres essa proposta de assassinar crianças, agradeço imenso, mas não posso aceitar! Recuso delicadamente, está bem? Mas não fiques chateado, que da próxima talvez dê para aceitar! E olha, cumprimentos lá em casa, espero que a tua avó tenha gostado dos ferreros que lhe enviei pelo natal!".
Também vibro com aqueles outros outdoors em que se vê uma mulher algemada a ser levada pela polícia, assim a preto e branco (agressivo! as formas aguçadas! os tons violentos, sujos, suburbanos, underground!) e que diz "Para parar com a vergonha vota sim" ou lá o que é. Acho que também devemos votar em referendo a revogação da lei que proíbe andarmos aí aos tiros em centros comerciais, especialmente em dias de jogo de futebol, porque me apetece fazer uns headshots... e depois ia ser uma vergonha eu ser imobilizado com um joelho nas costas e algemado e lerem-me os direitos, no meio de cadáveres baleados e poças de sangue e transeundes curiosos. Ou então, votarmos para a Zita Seabra e a Edite Estrela não poderem por lei aparecer na TV no "prós e contras" a defender ideias sobre o aborto. Isso é que é uma vergonha e ninguém vota contra.

*
No outro dia, ia a conduzir e a ouvir rádio. Então, tocou (uma vez mais) aquela música do André Çardet. E no fim, a radio-locutora diz assim: «esta música foi pedida pela vanessa, de odivelas, com uma mensagem muito enigmática: "para ti, que sabes quem és, que me enfeitiçaste"»; e depois a locutora continuou, explicando que o tal gajo era padeiro, e que a música era realmente romântica. É preciso ver que eu vinha na 2ª circular (antes de passar pelos tais outdoors) e eram quase 3 da manhã, portanto vendedor de gelados é que ele não devia ser. Epá, deus ma pardoe, romântico? Atentem neste refrão: "Eu não sei o que me aconteceu/foi feitiço, o que é que me deu/P'ra gostar tanto assim de alguém como tu?". É o mesmo que dizer: epá, não vales népias, és padeiro! Como é que eu fui gostar de ti? Bati com a cabeça? Devo estar drogada! Por favor, internem-me!

Grande bem haja, pessoal!

18 comentários:

  1. LOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOLOL

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  2. Já copiei e linkei no meu blog esse último parágrafo. Genial!

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  3. Bom, mais um texto aguçado do Acre - como ele nos habituou. Está uma crítica fantástica, está lá tudo - até o Çardet!
    A melhor frase de todo o texto e que explica/justifica a imbecilidade geral que se gerou em torno deste assunto, é a seguinte:

    "Mas abençoadas sejam as pessoas aprisionadas pelo raciocínio linear, porque são elas as donas do mundo (pelo número) e da felicidade (pela limitação de ideias).".

    Muito bom, como de costume. Impressionante como em jeito de piada, criticamos assuntos sérios.

    Um grande abraço!

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  4. Ainda bem que provoquei um post...

    Parece-me que todos estamos fartos deste debate... e a acrescentar a este belo texto só tenho 2 coisas:

    - edite estrela e zita seabra: cromos mais dificeis, paineis de 16 cromos nas páginas centrais da caderneta

    - Çaredets pá, não vales népias!

    LOL

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  5. lolololol muito bom !! mais palavras para quê!!!

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  6. lol mais palavras para quê!! muito bom:)

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  7. Bem rapaz, tu deves de odiar bastante os putos de famílias ricas. É que nos dois movimentos nem sequer fizeste questão de descrever outras classes sociais presentes nos defensores das duas posições do referendo. É pena pois a meu ver, este teu texto foi mais um hino contra os putos ricos do que propriamente um texto que falasse do aborto.

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  8. Não era minha intenção fazer um texto exclusivamente sobre o referendo ao aborto! Por outro lado, quem me conhece sabe que sou muito crítico principalmente em relação às pessoas que, defendendo uma causa na praça pública, o fazem de forma cega, empurrados que são pela corrente do seu background. Uma pessoa que não é capaz de sair de si mesma, não tem intelecto e não pode aspirar a defender o que quer que seja que afecte também os outros: é intelectualmente morta.

    Também quem me conhece, sabe que isto se aplica tanto a uns como a outros. Talvez tenha dedicado mais sarcasmo em relação aos putos ricos, porque, nessa classe social em particular, a hipocrisia toma proporções abjectas relativamente ao assunto do aborto; por outro lado, também neste grupo, muitas vezes os cérebros estão sintonizados numa onda de particular egoísmo, mergulhados que estão no licor dos interesses.

    Como disse, não pretendi tomar posição no referendo. Mas isso não significa que não critique mais intensamente os pontos que mais me irritam, e neste caso irritam-me muito mais os putos ricos, não pela parte de ricos em si, mas pelo que o dinheiro e os paizinhos (evidentemente, ricos) têm tendência a provocar neles.
    Não achas um enorme contra-senso uma miúda andar a fazer campanha contra o aborto, e a mamã riquinha dela bater palminhas e estar muito contente por a filhinha estar nas missões de voluntariado de Nossa Senhora de Fátima, e depois vai-se a ver e a senhora já fez dois abortos em Espanha? É que eu conheço algumas pessoas assim, e a semelhança entre elas é tanta que podiamos inventar um personagem que as representasse no Auto da Barca do Inferno. E eu só vejo a ponta do iceberg... parece que querem que toda a gente tenha muitos filhos, mesmo que na miséria e sem condições nenhumas de dignidade, vida, educação. Há gente que só é feliz tendo um palácio no meio de uma enorme favela, e isso indigna-me muito mais do que meia dúzia de putos armados em intelectuais do bairro-alto a gritarem sim ao aborto.

    Espero que tenha ficado bem clara a minha preferência. Isto não é uma questão de ser democrático e distribuir fruta equitativamente. É uma questão de justiça, e há calos que doem mais que outros.

    Claro que entre o preto e o branco há o cinzento, em matéria de opinião sobre o referendo. Mas os textos do Acre primam pelo apontar de holofotes aos extremos, algumas vezes, e aos meios, outras vezes. O Acre é uma pessoa mais velha que eu, mais amarga, com menos paciência, e é muito mais radical do que eu :)

    Abraço, pessoal :)

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  9. hum.....tás a ver mal a coisa... O acre és tu, o stp é q é o alter ego... O texto tá engraçado, mantenho a critica q tanto te irrita, falta-te poder de sintese, com isto nao quero dizer que o texto nao ta bom...gostei da maneira como usaste o referndo com desculpa pa bateres em tudo e em todos, so faltou referencia aos sinos da igreja de queijas, ao jesualdo e ao bruno alves :P Tb gostei muito do comentario do pita...foi assim tipo...david lynch (sim eu sei, sou um intlectualoide q desprezas por gostar do lynch), nao percebi nada do comentario dele (por isso é q gostei). Gostei do comentario anonimo...nem teve coragem pa te criticar com um nome, mas ao menos ja deve ter a ps3, e eu nao... Pronto vou ficar por aki, pq este comment, como se diz em estrangeiro, já ta a ficar maior q a maioria dos meus textos (ia escrever "posts" mas...acho q o acre nao iria gostar). Hasta cromo, e nao te zangues muito com os erros, faltas de acentos, abreviaturas, "k's" em lugar de "c's"...

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  10. lamento o atraso na contra resposta mas, aqui vai disto:
    "Talvez tenha dedicado mais sarcasmo em relação aos putos ricos, porque, nessa classe social em particular, a hipocrisia toma proporções abjectas relativamente ao assunto do aborto" népias, para mim tu dedicaste-te aos putos ricos porque não gostas deles ou porque os odeias, ou porque os invejas seja o que for. Para lém do mais, a hipocrisia é de condenar e é tão má em classes abastadas ou não abastadas. Ser rico e hipócrita é tão mau como ser pobre e hipócrita. Pelo menos para mim é.
    "...também neste grupo, muitas vezes os cérebros estão sintonizados numa onda de particular egoísmo, mergulhados que estão no licor dos interesses." Daquilo que eu sei, o egoísmo é uma característica transversal a todos os grupos sociais. Os mais ricos não são mais egoístas por terem mais dinheiro ao contrário do que possas pensar. Mas mesmo que assim o penses, por favor indica-me em que é que te baseaste para dizer isso. Pareces-me ser um homem de ciências logo saberás que tens um compromisso de atirar acusações com base em algo concreto.
    "irritam-me muito mais os putos ricos, não pela parte de ricos em si, mas pelo que o dinheiro e os paizinhos (evidentemente, ricos) têm tendência a provocar neles" Portanto se te irrita a parte do dinheiro então irrita-te o eles serem ricos. Se achas que o dinheiro é algo que lhes pode fazer mal, então deverás concordar que eu posso pensar que a ausência de dinheiro faz mal àqueles que não o têm ou seja, irritam-me os pobres pois não têm dinheiro (assumindo que eu o tenho ;-) ).
    "Não achas um enorme contra-senso uma miúda andar a fazer campanha contra o aborto, e a mamã riquinha dela bater palminhas e estar muito contente por a filhinha estar nas missões de voluntariado de Nossa Senhora de Fátima, e depois vai-se a ver e a senhora já fez dois abortos em Espanha?" Não não acho... Os manos Portas são do mesmo sangue e no entanto têm opiniões diferentes em vários assuntos e o aborto não é excepcção logo eu não posso achar estranho que uma criança difira da sua família em seja o que for.
    " parece que querem que toda a gente tenha muitos filhos, mesmo que na miséria e sem condições nenhumas de dignidade, vida, educação" aqui tomaste a tua posição em relação ao aborto embora não o quisesses fazer :).

    Para terminar, caso interesse para alguma coisa, já convivi com ricos e com menos ricos. Quando estava com os ricos, não gostava muito deles, mas percebi que eles até são melhores do que os menos ricos.

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  11. Caros leitores, mais uma vez envio-vos saudações calorosas, enquanto me preparo para escrever mais um comentário que se prevê atingir grandes dimensões. Agradeço desde já a vossa paciência. Compreenderão, claro, que tenho de convocar este meu espaço de opinião para me defender de acusações que considero torpes, de mau gosto, e que no conjunto são uma cabala e uma tentativa de assassínio de opinião :p

    Juiz, começo por ti.
    Fico muito contente por mais uma vez apareceres por cá. Ao contrário do que pensas, eu gosto que me critiquem. Todos temos direito às nossas opiniões, e eu não me importo nada que choquem com a minha, desde que esse conflito seja gerado por razões puras, como a efectiva discordância, em vez de ser alimentado, como tantas vezes o é por aí, por razões marginais e que nada ou pouco têm a ver com o que é exposto nos textos.
    Eu vejo o STP como a soma de todas as partes de que me constituo. Às vezes sinto-me mais refilão e, portanto, escrevo como Acre. Outras vezes sinto-me mais racional, como se fosse constituido por uma integração de conjuntos, e então escrevo como STP. Confesso que não vejo uma personagem como alter-ego de outra. Acho o Acre muito mais intolerante do que o STP. Mas no fundo, são todos eu. Não me vou desculpar com uma qualquer teoria psiquiátrica de fragmentação da personalidade, eu que ainda nem psiquiatria tive.

    Sobre o poder de síntese, bem ... quem escreve pode fazê-lo por várias razões. Nunca escondi que me dá muito prazer escrever, mas de forma livre, como se conversasse comigo mesmo. É natural que os textos adquiram dimensões apreciáveis. Como os leitores do blog já perceberam, eu não escrevo há mais de dois meses; é que ando numa crise existencial. Quando o tornar a fazer, até pode ser que seja mais sintético, mas... procurarei deixar fluir a escrita até onde ela me levar, sem limites. Talvez seja uma questão de estilo, ou então de compulsão, não o sei. Mas não escrevo para um dia ser melhor escritor, não estou numa espécie de aprendizagem messiânica...
    Todavia, é óbvio que registo a tua opinião, sempre que puder evitarei pregar secas aos leitores :)

    Sabes perfeitamente que não te critico por gostares do Lynch. Sei que vês muitos filmes, até mais do que eu,e confesso que é uma lacuna cultural que pretendo preencher, essa do cinema. Mas conheço muitas pessoas, e se tu gostas tanto do Lynch (e eu também gosto qualquer coisa), também deverás saber a que é que me refiro quando junto as palavras intelectualóide e Lynch na mesma frase. A única coisa acertada que um professor que tive no primeiro ano me disse, foi algo como: "Quem só sabe de medicina, nem de medicina sabe". Claro que essa pessoa, por quem, de resto, nutro um profundo asco,estava convencida que sabia mais do que medicina, e eu na altura até acreditei nele. Mais tarde fiquei a achar que ele é uma grande nódoa. De qualquer maneira, a frase não é dele, foi uma citação que fez na altura, e eu acho que ela se aplica a muito mais coisas do que à medicina. Espero que tenhas entendido o que quis dizer com isso.

    Essa da ps3 foi genial... fez-me rir muito :) e não me digas que gostas dos sinos da Igreja de Queijas...
    Abraço... e volta sempre!

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  12. Uma vez, quando eu ainda era bem pequenino, fui com a catraia toda cá da rua ao Hipermercado Continente. Um dos vizinhos tinha uma carrinha e então pudemos ir todos. Nem disse aos meus pais, simplesmente fui. Nunca tinha ido, portanto aquilo para mim era o máximo. Eram todos bastante mais velhos do que eu, eu tinha uns 5 anos na altura, e eles já tinham uns 10.
    Chegados lá, o vizinho deixou-nos lá sozinhos nos corredores e foi lá fazer as compras dele. E o pessoal cá da rua foi directamente aos corredores de doces e chocolates e bolachas, mexer em tudo o que havia. Eu não fui excepção, claro. E como vi que todos eles tinham qualquer coisa na mão, e ainda por cima reparei que havia pessoas com coisas em carrinhos, resolvi fazer a mesma coisa. Antigamente não era preciso meter moeda nos carrinhos, eles estavam soltos. Então, como vi que os meus amigos traziam pouquinhas coisas nas mãos, e os adultos usavam os carrinhos, enchi metade de um carrinho com doces, e quase nem o conseguia empurrar. Os meus amigos ficaram muito admirados e ajudaram-me: epá, o joão é mesmo fixe! E eu sem perceber porque é que eles traziam tão pouca coisa, sendo tantos. Bem, eu ia tratar disso, ia haver montes de doces para toda a gente. Achei que tinha sido mais inteligente que os outros por ter ido buscar um carrinho.

    Depois fomos para uma fila, e eu na minha cabeça não percebia porque é que estávamos ali a mostrar o que é que levávamos dali, porque é que perdíamos tanto tempo! O vizinho lá estava a meter as coisas em sacos, lá à frente, e os meus amigos aproveitaram para enfiar as coisas deles no carrinho. Quando chegou a nossa vez de "mostrarmos" o que iamos levar dali, e uns bons 20 minutos depois (na altura os preços eram todos digitados), lá veio a soma que eu devia pagar. E eu não percebia o que é que se esperava que eu fizesse. O pessoal percebeu logo todo o que é que se estava a passar, e começaram a rir e a gozar comigo, de tal maneira que durante uns anos fui humilhado por essa situação. O tal vizinho que era pai de um deles, olhou-me com cara de poucos amigos, tal como a senhora que estava na caixa. Claro que foi logo tudo devolvido.

    Essa foi, porventura, a primeira vez em que tomei contacto com o conceito de dinheiro, e com a maneira como ele pode mover o mundo e mudar as opiniões e os comportamentos das pessoas. Lembro-me muito bem de como nenhum desses amigos partilhou comigo as coisas que trouxe de lá, mas mais importante do que isso, a forma como o comportamento deles mudou.

    As pessoas crescem, e estas coisas tornam-se muito mais importantes, e ao mesmo tempo mais óbvias e mais mascaradas.

    Não te vou dizer, caro Anónimo, que fiquei traumatizado com isso. Mas essa foi uma primeira experiência que começou a lançar os alicerces do que hoje sinto em relação ao dinheiro. Por favor, não fiques com ideia que eu detesto as pessoas por serem ricas. Não é nada disso, nada mais longe da verdade. Mas é um facto que eu detesto o que o dinheiro representa, e o que ele é capaz de fazer entre as pessoas. Odeio-o, mas sei que preciso dele, de outra forma não sobreviveria e não me divertiria - ou seja, valorizo-o. Quem diz que não precisa de dinheiro e não se importa com ele, é porque o tem, e, portanto, não se preocupa e nem dá valor.

    Há uma ideia que para mim é muito importante fazer passar: uma pessoa não deve ser admirada pelo dinheiro ou pelos bens que possui. E no entanto, é isso que acontece na realidade. É muito triste, é odioso que assim seja. E ainda bem que falaste em inveja, porque ... a par do dinheiro, é a coisa que eu mais detesto no mundo. Este é talvez o único argumento de que disponho para te tentar mostrar que detesto da mesma maneira a maioria dos ricos por quererem mostrar que são ricos e pretenderem ser admirados unicamente por isso, tal como os remediados, por terem inveja dos ricos, e por os admirarem efectivamente tal como estes pretendem. Detesto os gajos que compram Mercedes ou BMW's ou Bentleys para mostrar que podem, para fazer entrar pelos olhos adentro das outras pessoas que têm esse poder, tal como detesto os gajos que, por terem inveja, vão lá à noite riscar a pintura a esses carros. Eu sei que a maior parte das pessoas vê maior maldade na segunda situação, mas... eu não. É a minha opinião, e tem de ser respeitada.
    No fundo, os grandes conceitos subjacentes a tudo isto não são mais do que o dinheiro e a estupidez humana.

    Naturalmente que a hipocrisia é sempre condenável, independentemente do quadrante em que floresce. Eu conheço gente remediada que, no que toca ao aborto, também é hipócrita. Mas conheço bem famílias ricas onde essas coisas constituem segredos muito bem guardados. Não percebi a parte dos irmãos Portas, ou da rapariguinha poder mudar de opinião. Acho que o texto está bem explícito: mostra muito bem que nem mãe nem filha mudam de opinião em relação ao que transmitem a toda a gente, mas depois os actos não são consentâneos com o que defendem. Não é raro que assim seja.

    Os mais ricos não são mais egoístas por terem mais dinheiro, ao contrário do que eu possa pensar. Bem, eu tenho o direito de pensar que sim. É uma opinião, há quem concorde e há quem discorde. O que posso dizer é que há pessoas que são ricas e não são egoístas. Não quero entrar aqui em premissas e em silogismos bacocos. Está mais do que estudada a síndrome do filho único ou a situação em que as pessoas não precisam de partilhar as suas coisas, e portanto nunca o fazem. O egoísmo pode ter raíz aí. Claramente, mais uma vez, deixo sublinhado que isto é uma tendência, não é uma fatalidade que assim seja. Mas a cultura, educação, e ambiente social de uma casa onde nada falta e onde tudo o que é material marca presença em abundância e em excesso, e sem ter de se fazer nada por isso, têm implicações fortíssimas na formação das pessoas.
    É por isso que, apesar de tudo, eu me dou bem com toda a gente, e sou mais tolerante do que possas pensar, caro Anónimo. E sei que nem toda a gente se enquadra nos conjuntos que defini no post.
    Tenho amigos, amigos mesmo, em todos os quadrantes sociais. Frequento mansões do Restelo, para depois visitar um T0 na Buraca. E sinto-me bem porque as pessoas gostam mesmo de mim, e não é nem pode ser pelo meu dinheiro. Gostam de mim porque sou boa companhia, porque digo o que penso, porque sou frontal sem deixar de os fazer rir, porque sou um gajo porreiro, até porque sou giro. Mas não por ter uma casa em Cascais. Isso têm eles, mas se eu lhes faço falta é porque há uma razão.

    Não sou um homem de ciências. Sou um rapaz que gosta de ciência, arte, desporto, etc... Gosto de pensar em mim como uma pessoa multifacetada. E portanto não olho para as coisas só como um cientista. Eu não produzi uma acusação a uma personalidade jurídica. Não tenho que provar nada com factos concretos, caro Anónimo. Aliás, gosto que te tenhas dirigido a mim dessa forma. Chamas-me homem de ciências, utilizando aquele esquema de partir das características (presumidas) do interlocutor para o contrapôr. Achei graça. Mas isto é apenas uma opinião, ou, melhor até, um sentimento global. Eu não quero convencer ninguém... não quero acusar ninguém... apenas exteriorizei o que sinto.

    Receio que de nada valha para ti defender a ideia de que as sensações e experiências que tenho recolhido ao longo dos últimos anos, com particular destaque - mas não só - para as relações que tenho tido com pessoas do meu curso (que, digâmo-lo sem complexos, é um bastião de riqueza, e também de pobreza de espírito), são tão sólidas e palpáveis como documentos ou fotografias valorizáveis em tribunal. Mas isso chega-me para sentir. E chega-me para escrever um texto e ter uma opinião.

    Cada pessoa tem dentro de si uma ideia de conduta, que gostaria de seguir, e que gostaria que os outros seguissem. A minha ideia de vida tem um bocado de Hedonismo e um bocado de Humanismo. Acho que viemos ao mundo para nos divertirmos, e acho que, dentro de certos limites, a diversão e a felicidade podem ser ampliadas com um maior conhecimento do que nos rodeia, e, também, com a integração da felicidade dos outros nas nossas vidas. Este conceito que eu tenho implica, pois, que temos algum tipo de papel social a desempenhar - solidariedade é a palavra que me ocorre agora. Não me peças que defina esse papel. Eu estou ainda em busca do que devo e do que posso fazer. Mas para mim é mais fácil perceber o que é que choca com essa concepção de vida, ou seja, o que não se deve fazer. Torno a sublinhar: é a minha opinião, vale tanto como a tua.
    Nesta perspectiva que estou a tentar desenvolver agora, os ricos estão em vantagem sob muitos aspectos, e portanto adquirem responsabilidades condizentes com essa vantagem. Os ricos não têm culpa de ser ricos; quando muito, em casos excepcionais (e admiráveis), têm mérito nisso. E eu admiro as pessoas que conseguem, sem deixar de ter mundos e fundos, ajudar as pessoas à sua volta a ser felizes. Isto é que é micro-política - e em boa verdade, não é preciso ser-se rico para se seguir esta política. Há pessoas abastadas que usam os seus recursos desta maneira, e a sociedade não toma conhecimento, o que é mais admirável ainda.
    Espero, pois, ter explicado de onde vem o meu ódio às pessoas que acham que ser feliz é ter objectos exteriores de riqueza para os pobrezinhos invejarem.

    Já fui muito extenso no comentário, mas tinha mesmo de ser. O teu comentário fez-me pensar e fez-me activar a minha cabeça, e por isso mesmo te agradeço.

    Uma última palavra para o teu último parágrafo: compreendo que aches que os ricos com quem conviveste são melhores do que os "pobres" (pobre é uma palavra que não se adequa, não concordas? Talvez seja melhor usar remediado). Sempre ouvi dizer: "não peças a quem pediu, não sirvas a quem serviu". E é do povo que vem esta máxima. Não concordo com muitos provérbios, mas este percebo-o bem.
    Mas sabes de onde vem este comportamento? Está carregado de inveja e de sede de poder. São coisas encarnadas pelo Dinheiro, que mais uma vez ganha aqui vida própria, manipulando as vidas de quase todos os que o possuem ou não. Ele é capaz de expôr o que há de pior nas pessoas.

    Abraço, caro Anónimo! :)

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  13. qjBem, estou a ver que venho demasiadas vezes a este blog. Antes de qualquer coisa, um abraço a todos. Começo pela alma que se nomeia de Juíz pois o seu comentário apenas o li agora: "nem teve coragem pa te criticar com um nome" Espero que não estejas a insinuar que eu não tive coragem de insultar o STP ou Acre ou seja lá o que ele for. O meu pensamento não passa pelos insultos durante as argumentações. Orgulho-me de ser, penso eu, bem educado. Espero que possas dizer o mesmo.
    "mas ao menos ja deve ter a ps3" Nem por isso. Se quisesse teria, mas para isso não poderia ter muitas outras coisas que considero mais importantes. E se me dizes que eu sou um sortudo porque eu posso ter e tu não, então deixa-me dizer-te que não acredito pois apenas muito poucos (e duvido que sejas um deles senão não andarias aqui mas sim a trabalhar mais do que aquilo que eventualmente trabalhas) não podem dar 50 euros por mês por uma ps3. Ja agora, quanto te custou o pc que usas? Segundo sei, uma ps3 tb pode ser computador. Tenta comprar um pc novo agora e verás que será mais caro do que uma ps3. Mas pronto...
    STP, aquilo que retenho da tua história é que não gostaste da atitude dos teus amigos por não te terem oferecido algo. Achas que vale a pena criticar putos de 10 anos? Certamente conheces putos mais velhos(entre os 20 e os 30) que são piores do que isso. Eu pelo menos sim e parece que se multiplicam.
    "As pessoas crescem, e estas coisas tornam-se muito mais importantes, e ao mesmo tempo mais óbvias e mais mascaradas" Óbvio! Inclusivé tu. Seguramente sabes que os putos são incapazes de mentir até que percebem as vantagens de mentir. É inato. Será que todos os teus amigos conhecem esta faceta? Talvez não. Poderei eu então dizer que pertences ao bando dos mascarados?
    "É a minha opinião, e tem de ser respeitada" Óbvio
    "Não percebi a parte dos irmãos Portas" Pondo por outras palavras... tens a mesma opinião que os teus pais sobre todos os assuntos? Olha que eu não. Serei eu por isso hipócrita tal como tu retrataste a miúda e a mãe ?
    "Não sou um homem de ciências" Desculpa o meu engano mas parece-me que tens um texto onde falas de um estágio em hematologia ou algo assim. Portanto presumo que estejas a tirar medicina, enfermagem ou algo do género. Segundo o que sei, deve ter falado sobre a importância da argumentação baseada em lógica e factos sólidos senão todos conjecturamos sobre tudo e não vamos a lado nenhum.
    "E chega-me para escrever um texto e ter uma opinião" Claro, qualquer um tem opinião hoje em dia.
    "Espero, pois, ter explicado de onde vem o meu ódio às pessoas que acham que ser feliz é ter objectos exteriores de riqueza para os pobrezinhos invejarem" Isso não é ser rico. Ser rico é ter algo a mais que os outros não têm. correntemente usa-se isso para designar as pessoas que têm mais dinheiro doque as outras. Aqueles que dizes odiar, são apenas e só PARVOS (a meu ver). Portanto da mesma forma que me recomendas "remediados" para pobres, eu recomendo-te "Parvos" para ricos sobretudo porque criticas os que se exibem (esses sim ricos) e os que se fascinam (esses sim, remediados).

    Abraço

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  14. PS: para que não hajam mal entendidos, "Será que todos os teus amigos conhecem esta faceta?" refiro-me neste caso em particular, ao facto de teres facetas de STP, Acre e sei lá eu o que mais. Portanto pergunto-te se todos os teus amigos conhecem estas tuas "facetas".
    Cumprimentos

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  15. Caro Anónimo:

    Naturalmente que os meus amigos que lêem o blog sabem das minhas facetas. Parte da piada que lhe atribuo, advém disso mesmo...

    Eu não critiquei miúdos de 10 anos. Mas sei que eu, com 5 anos, era diferente deles com 10 anos, e eu com 10 anos era diferente deles com 10 ou com 15, e continuo diferente. E o que quis dizer com essa história que contei, foi que foi essa a primeira vez que tomei contacto com o conceito de dinheiro, e um pouco do que envolve. Serviu de introdução...
    Se a única coisa que reténs da história é que achei mal não terem partilhado, é porque não compreendeste o que tentei explicar.

    Claro que toda a gente tem opinião. Também só quis dizer que as opiniões não são apenas baseadas em argumentos sólidos, lógicos, ou, por outro lado, em ideias mesmo bem estruturadas que se possam traduzir por palavras. O meu comentário anterior foi uma tentativa de explicar o que sinto, e a maneira como me movo no mundo, sucintamente.

    Acho que não deves dar demasiada importância ao que o Juiz disse. O blog também serve para brincar, para fazer rir. Não quero atingir ninguém pessoalmente, quanto muito posso "meter-me" com alguém de vez em quando, mas numa de espírito saudável...
    Se eu respondesse sempre a provocações, estava bem arranjado.

    Sobre ser homem de ciências: eu sou muito mais do que o curso que estou a tirar. No meu curso, é muito importante, de facto, exercer medicina na base da evidência, como forma de oferecer o melhor às pessoas que precisam de médicos, e também para nos protegermos no exercício da nossa profissão. É um facto.
    Mas torno a dizer que há outras coisas que também devem ser valorizadas e que têm igual interesse, para além da lógica.
    Senão não vamos a lado nenhum? Pois então, seja... eu não quis debater nada nem esgrimir argumentos. Ouço e leio com atenção tudo o que me dizem, especialmente as pessoas com opiniões diferentes da minha. Eu sei que não vou convencer ninguém de nada!

    Sobre os Portas: confesso que continuo a não entender. Eu falei de um caso particular que se repete em muitas famílias. Mas claro que podemos ter opiniões diferentes dos nossos pais. O meu pai influenciou-me muito em relação aos valores e ideais que fazem parte de mim, mas eu tenho diferenças em relação a ele. E é saudável que assim seja.
    No caso que descrevi, mãe e filha pensam e defendem o mesmo. Nem sempre acontece, evidentemente.

    E por fim, a questão do "rico" e do "parvo". Acho que toda a gente que leu o texto e os comentários percebeu bem que usei a palavra rico no sentido estrito de definir alguém que possui muitos bens materiais ou dinheiro. Não é preciso confundir conceitos...
    Mas se o queres fazer, repara bem que eu fiz um paralelismo entre rico$ e pobres de espírito quando falei nos meus colegas da faculdade (ou na maior parte deles). Repara que eu tenho o cuidado de, em generalizando, não totalizar.

    Só uma última nota: quando eu escrevo, é quase sempre como forma de dar vida aos meus pensamentos e sentimentos soltos. Não deixa de ter piada que o meu site anterior, antes deste blog Valdispert, se chamava Conjecturas.
    Eu só entro em discussão e argumentação, quando tenho objectivos definidos e quando o resultado da contenda é produzir uma decisão sobre algo prático. Senão, prefiro ouvir/ler, estar caladinho e tentar aprender algo, ou ir para casa e pensar no assunto. Acho que é feitio. Acho que em muito poucas coisas na vida há razão atribuível a um só lado de determinada contenda. As razões de cada um são influenciadas por tudo o que a rodeia, e acabam por fazer parte dela.
    Os meus textos são parte de mim, são um destilado... não quero ter razão com eles, já que eles reproduzem as minhas razões. Aceito, sublinho, e regozijo-me com a minha própria subjectividade. Assim, poderás ter razões diferentes das minhas, mas nunca poderás entrar em debate argumentativo comigo, porque eu já parti do princípio que posso estar enganado, mas é como me sinto. I might be wrong :)

    Devo dizer uma coisa: não tenho paciência nenhuma para blogs de argumentação pura.

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  16. Alem disso esse famoso ultimo paragrafo é mto mto semelhante a um que vem numa cronica de um tipo qualquer numa revista (Sabado ou Visao, sei la)..

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  17. Gosto de ver que lês. Ao contrário de mim, que não leio a Visão ou o Sábado ou sei lá... há uns bons 5 anos.
    Mas o tipo que escreveu esse parágrafo semelhante devia ter pinta.
    E agora, se me permites, vou ali cortar os pulsos; fiquei arrasado com essa sugestão de plágio!

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