Não sendo economista, financeiro, fiscalista ou politólogo,
gostava de vos falar da Grécia. Posso? Contando que parto do princípio que
devemos pagar as nossas dívidas, vejo-me preso lugares comuns da vida
quotidiana como: “se gastares a semanada toda na segunda feira filho, comes a
sandes de marmelada que a mãe te prepara todos os outros dias da semana!”. Ora,
aqui é engraçado. A semanada vem, mas, na ausência de laços familiares, o
financiador espera que lhe paguem. Mais, espera que lhe paguem a semanada e
mais uns cobres. O giro começa depois. Caso eu falhe o pagamento da semanada, a
mesma não é cortada, o metal é que passa de cobre a prata, de prata a ouro, e
por ai a fora.
Ao que parece o valor de semanadas em dívida é algo elevado.
Já se venderam todas as sandes de marmelada até 2050, o que deu origem a uma
inflação do pão e da marmelada! O que parece que está a acontecer é que quem
financia e não foi pago, paradoxalmente parece estar a ganhar ainda mais
dinheiro do que se lhe tivesse sido pago a tempo e horas. Que estranho... Pois,
é que ao que parece, por a Grécia estar no lixo, quem quer investir está agora
a emprestar semanadas à Alemanha, por menos de uns cobres (parece que é amianto
retirado das escolas). E querem ver que com isto já ganharam mais que a dívida
toda da Grécia? Sacaninhas.
Mas quem é que os manda pedir? Uma semanada não chega? São
uns calões pá, esses Gregos, ordenados mínimos duns principescos 1500€. Água
quase de borla e electricidade e gás idem. Não sei quantas centenas de
jardineiros por freguesia e mais outras tantas heresias. De certo não será o
povo grego totalmente alheio a esta situação a que chegaram mas, sabem o que
mais me marcou nesta história? A atitude de um povo de não conformidade com uma
situação que só traz miséria para todos. A coragem de dizer não a um imperialismo
económico que deixa os mais desprotegidos ainda mais desprotegidos e depois dá
dinheiro a associações para proteger os mais pobres. Faz-me lembrar aqueles
sinais de “estrada em mau estado”. Bolas pá, arranjem masé a estrada!
É engraçado reler o teu texto munido do distanciamento de um ano e picos, e comparar o que disseste com o que entretanto aconteceu e acontece...
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