Houve quem me desafiasse, porque o amor, amor verdadeiro, só o vais saber se existe no dia em que fechares os olhos, e, momentos antes ponderares o que viveste: ai sim, podes tu dizer, foi aquele. E mesmo assim posso dizer que talvez não tenhas vivido o suficiente. Podes sempre dizer aquilo que quiseres, eu não vou levar a mal. É uma pergunta pá, não leves a mal aliás, nem é bem uma pergunta: é um pedido de validação. Sorrio. Esperas então que eu pense assim, que só errando seca e Meca, bebendo água de todas as fontes, subindo a todas as montanhas e espreitando a todos os penhascos, vou saber. E mesmo assim, só posso reunir toda esta informação no dia do óbito. Macabro. Assertivo. É uma busca metodológica, um plano de busca. Há que dar uma certa ordem, eu acho. Eu não sei, já pensei de maneira mais diferente, o que não quer dizer que valide.
O amor também é uma arma da evolução, à imagem do polegar oponível. O amor dos pais pelos filhos faz com que passemos os melhores ensinamentos à próxima geração, que nos sacrifiquemos para lhes dar o melhor, melhor do que o que nós tivemos parece ser sempre a meta. O amor que temos por alguém, faz-nos pensar que o é por si. Não acho que seja importante saber se é o mais, se é o diamante em bruto, já que diamantes em bruto não passam de pedras, e dão um grande trabalho a lapidar e, quando o acabamos de lapidar, não podemos mostrar a ninguém pois todos o querem roubar! Acho que o amor se modifica ao longo da vida, ou pelo menos, vamos vendo várias faces, várias utilidades (quem sabe desculpas!). Passando de uma concepção muito semelhante à arte pela arte, acho que vai se esbatendo naquele medo que temos encravado na espinha de ficarmos sós.
Será que o vamos encontrar, será que o identificamos, será até mesmo que o existe, assim como se nos parece ser apresentado? Não sei se é um caso de busca, pois há quem procure muito e não ache. Acho que antes terá a ver com o que queremos e quem pensamos ser, o amor é um sentimento individual – amar é por si estar só. Se o estar só é o que nos apavora, se calhar é melhor eliminar o limite máximo deste sentimento… não queremos estar sós.
Devia eu não estar a dizer estas coisas mas, se é o que eu penso. Não procuro, não com medo de o achar, mas tenho o equilíbrio entre o só e o acompanhado, entre o eu e o nós. Difícil enquadrar o amor na vida, nas pessoas, no só de cada um. Escrevi do amor, e não das pessoas, não gosto de misturar coisas feias no meio de algo que se quer belo!