É tão difícil ir embora e fugir do que julgo nosso! Dói deixar para trás a nossa casa, ainda que nas paredes veja já só janelas partidas e quadros rasgados.
No telhado, uma grande nuvem que não pára de chorar.
As cortinas em chamas.
O chão em cacos incandescentes.
O ar irrespirável.
Custa-me dizer-te que tens de ficar aqui e partir, ou que tens de te ir embora de dentro de mim.
Nada à nossa volta tem concerto possível. E sobrevivemos só por causa de nós, apesar de nós.
A pior sensação é não haver palavras ou actos que nos façam acertar agulhas, e que apenas rodopiaríamos o nosso mundo empenado em torno de um eixo torto.
Tudo ser em vão é triste...
In "Fragmentos de memórias"
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