8 de janeiro de 2005

Ouvindo Elis...

É no recanto do espaço que sinto o cheiro daquela voz quente e doce de café, daquela face risonha de piteira aos lábios que serenos proferem palavras de amor. Amor!
Que sentimento estranho capaz de moldar os afectos, a mente! Capaz de estar presente nos mais ambivalentes momentos da vida- do ausente desejado, ao presente jamais renunciado.
No momento em que nos achamos mais fortes, tudo se quebra, tudo descongela e desconjunta. De repente... parece que apenas existimos pelo outro, para o outro, tal como a música que só faz sentido quando ressoada nos ouvidos do povo.
Assim como não é preciso estudar música para chorar ao som de Chopin ou saber desenhar para admirar um Dalí, também o amor nasce espontaneamente, sublimado pelo ósculo da chegada, do adeus, pelo qual procuramos auscultar a reciprocidade de um coração que por nós bate... que por nós luta... que por nós bombeia para cotinuar a ser!
Mas como é difícil! Todos sabemos que um dia tudo acabará, nós, os outros... Se mais ninguém nascesse a partir deste momento e se voassemos no tempo, todas as ruas ficariam desertas, tudo petrificava! Só ficariam as luzes que gastas não tardariam em desvanecer. O circadiano halo solar sucederia ao limbo lunar e no escuro de uma noite sem estrelas não haveriam filhos para dar o jantar, não haveria ninguém com quem falar, não restaria nada! Nem a solidão. Também ela é feita de amor... nem que seja da sua ausência.
Amor... terra da vida. É por ele que continuamos a lutar. Ainda que não tenhamos força, é por ele que nos agarramos à vida numa epopeia em prosa que termina em verso... Como é real o sofrimento por que passa, como é lírico quando volta a si e nos abraça.
Vivemos numa concha limitada por onde parcamente nos damos ao mundo, aos outros. Podemos pesar com eles e por eles, podemos até chorar mas tudo passa... porque são apenas outros. Parece cruel pensar assim mas é o que por norma acontece. Quantas vezes vemos ambulâncias em missão urgente e sofremos pelo ser que ali vai? Mas... Quantas vezes voltamos a lembrá-lo? Basta um telefonema ou um carro que entra sem ter prioridade para que aquele momento seja absorvido pelo vazio do esquecimento.
Tudo aquilo que não amamos é volátil, dissipando-se no tempo. É um não acordar súbito, renegado por aqueles que amam e que amo.
No limiar da vida, ainda que não tenhamos forças para abrir os olhos ou para sorrir, ainda que as capacidades vitais se fundam como o fio metálico de uma lâmpada, só o amor nos detém. Quando as vozes ecoam batendo nos nossos sentidos numa amálgama de sofrimento e desespero, de vontade de desistir, é por amor que lutamos e procuramos subsistir... Existir, resistindo ao vento que no exausto arrastar do tempo nos faz levitar... como plumas que se espraiam no azul do céu.

11 comentários:

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  2. Ca estou eu outra vez...Não concordo muito com a tua opiniao Julio Punk, isto porque após ter estado muito tempo sem saber o que era o amor, voltei a encontrá-lo numa pessoa maravilhosa que me ama (espero eu!) e que eu amo tambem! O amor não fere, se o souber-mos usar sem medo de exagerar-mos, porque se ele ca está não é para o guardar-mos para nós, mas sim para o dar, sem medo de um não e acreditar em nós, isto sem sermos paranóicos claro! Amar é a melhor coisa do mundo, e sem o amor ninguem vive, e arriscava-me a dizer q só estamos vivos porque o amor existe! Ela é sem duvida a cura para a minha doença! É a minha garrafa de oxigénio!
    Se já amas-te sabes q é assim e mesmo os desgosto não podem ser considerados como doenças, e deves relembrá-los sempre que precises para que estes não voltem acontecer! Não me julguem como insensivel, até porque desgostos já tive alguns, e sim, ja tive depressões mas soube sair delas e não fazer disso um filme (mexicano)!
    Bem...
    Cumprimentos para todos, espero que este post tenha sido mais util.
    Peace 4all !

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  3. #1 - Júlio Punk - acho que perdeste uma boa ocasião para estares calado. Não quero com isto andar a censurar ninguém, atenção...

    #2 - Anónimo - quem és tu? (® Frei Luis de Sousa)

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  4. Sou um rapaz que gosta de comentar o vosso blog, posso?

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  5. Ah, um rapaz! Assim 'tá bem! Podes, rapaz, claro! As portas estão sempre abertas! Só queriamos saber quem és porque nos estávamos a perguntar se não serias rapariga! eheheh!!!! Buéda fixe :)

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  6. Isto não é o clube «menina não entra!» que o Bolinha das revistas aos quadradinhos tinha...

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  7. Anonymous pá... não vales népias! És coxo! Pois é pessoal, é ele: o Gonzos! :) Todo queimadinho! Um bem haja pá iris e continua a escrever, mesmo que eu olhe como burro para palácio!

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  8. Isso do queimadinho inda vá que não vá, agora estares-me a comparar com pseudo-cantores de boysband gays portuguesas é q não, por favor, não estou aqui para ser insultado!

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  9. Ò Julio, fanan, nós só te contrariamos para tu apareceres por cá! Se nós concordassemos contigo deixarias de aparecer e, isso sim, seria uma perda. Sendo como és´, és uma mais valia...

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  10. Não compreendeste o que eu quis dizer: está a autora deste post a expressar os seus sentimentos, e vens tu dizer «aproveita enquanto dura, que as mulheres como tu depois fodem tudo». Não quis censurar, apenas achei que o comentário foi altamente despropositado. Coadunava-se melhor fazeres esta observação numa noite no café com os amigos, por exemplo... já com umas imperiais no bucho e talvez na ressaca de algum desgosto amoroso.

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  11. Hartman, ultima parte de rir até não poder mais, digna de registo...Obrigado por este momento. Abraços

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