Lembram-se do Conan? Do He-Man? Do Tom Sawyer? Do brinca brincando? Da arca de Noé? Lembram-se de ansiarem pelas férias grandes, e dos gelados de 20 paus que eram só gelo e uma montanha de Es? e as peta-zetas... quase que nos partiam os molares, era a melhor comparação que podíamos ter com uma fusão nuclear! O Sport Billy e os tranformers e o clube Disney? As correrias para ir brincar para a rua onde o último a chegar era um ovo podre e o primeiro era o rei deles? Nunca tive grande problema em ser o rei dos ovos podres! E as futeboladas? Era de sol a sol, com breves reabastecimentos a que as nossas maes teimavam chamar almoço e lanche... quero cá saber da sandes de marmelada e do iogurte vigor sabor a morango, aquilo era ácido como a porra! - tenho de ir jogar! Tu vais a baliza! Eu? Eu sou o dono da bola, eu jogo onde quiser! E todos diziam que sim nem que o rapaz precisasse de ajuda para empurrar a bola! Eu sou o balakov, e eu o Paneira. Eu cá sou o Domingos... Olha-me aquele coxo, parece o Nogueira! Por falar nisso, trocas-me o Magnunson? Dou-te 10 cromos! Lembram-se? E jogar ao guelas, bilas ou para os puristas: o berlinde? E depois voltava a escola, todos diziam que seca mas todos corriam nos primeiros dias. Os amigos, as amigas, o cheiro dos livros novos, as professoras... que azar, a mim calhou-me a Peralta, dizem que a mulher e lixada, 'tou feito ao bife! Lembram-se?
Eu lembro-me de outras coisas, lembro-me de ver chitas num morro olhando as desprevenidas gazelas de Thompson. Lembro-me do mgh, especialmente nocturno. Também me lembro de requintados repastos, à base de grelhados a lenha (quando o dinheiro chegava: carvão, que luxo!), regados com grades de litrosas que entre os espaços deixados entre si, traziam emborcadas garrafas do pior vinho branco, quais peças de tetris preparadas para irem abaixo. Lembro-me de 2 jovens a abalarem a pacatez duma vila serrana com os olhos no oceano, ao se apresentarem nos locais de vida nocturna envergandos vestes adarjosas, e mesmo assim alvo de paparazzi! Lembro-me de foras de jogo, muitos foras de jogo. Jogadores que foram avisados vezes sem conta! Alguns hábeis, furtando-se ao olhar do fiscal de linha, outros mais lentos, caindo nessa infracção por uma margem escandalosa. Lembro-me também de noites estreladas e de céus azuis, de montanhas agrestes e de um oceano imenso. Das viagens para o El Dorado, algo simples mas sagrado como uma boa noite de sono, onde acordamos e sentimos uma marca nas costas, e então reparamos que dormimos toda a noite em cima duma pedra, esquisito, nao notei nada!
Por vezes dou por mim a desejar que o tempo voltasse atrás, queria que fosse sempre assim. Quero o conan, os marretas, o brinca brincando, a rua sésamo (vão dizer que não gostavam?). Quero os jogos de bola, o suor na cara, os tennis velhos. Quero o leite frio, o tapete velho da sala e a minha almofada. Quero as músicas dos metallica, as punkalhadas e o grunge pá' tola. Quero ser careta. Quero ir jogar à bola com os meus amigos na praia o verão todo! Quero dar uma gargalhada sem saber o porquê e quero não pensar no futuro. Se pudesse ser assim, o meu nome era Peter Pan! A nossa vida muda por vezes sem darmos conta, qual vulcão peleano. Anos e anos adormecido, enquanto as suas lavas ácidas e silicatosas se acumulam obstruindo a chaminé principal. Por vezes, há um abalo, mas não é o suficiente para evacuar as cidades do sopé. De repente, sem aviso, uma explosão piroclástica ocorre e a paisagem muda. Tudo morre e nada sobrevive e fim da história. Mas não, não é bem assim. Primeiro vêm os líquenes, tenuamente; depois plantinhas e árvores e tudo o resto. Não é como dantes, não é igual, é só diferente. Pode não ser melhor nem pior, e só diferente. O que é bom é saber que os nossos amigos de ontem vão ser os nossos amigos de amanhã, que o amigo que outrora cruzou a bola qual drulovic para um golo memorável, pode bem ser o mesmo que será padrinho para uma coisa qualquer, ou fiador para isto ou aquilo, ou ainda precisar da ajuda para uma tarefa herculeana!
Bem... li várias vezes o teu texto e achei que misturaste muito bem as memórias de um passado não muito distante com uma expressão de esperança e de apoio. Tudo isso, muito bem amalgamado, de tal maneira que as coisas são ditas na altura certa e sem ser demasiado explícitas.
ResponderEliminarUma pequena crítica: a palavra "grelhados" é sagrada no contexto em que a usaste, portanto não te podes enganar a escrevê-la. Farei uma revisão ortográfica da tua obra prima quando voltar de Mantarrota. Nessa altura, aproveitarei para descrever as minhas férias, que foram uma manta feita de retalhos :)
Um grande bem haja!