27 de janeiro de 2010

Just breathe


Did I say that I need you?


Oh, Did I say that I want you?


Oh, if I didn’t now I’m a fool you see...


No one know this more than me.



Música que me acompanha no rádio do carro todas as manhãs. Lá estarei no Alive para os ver.


*


Nunca mais falei da votação sobre a cor do STPmobile v3.0, mas foi por demais óbvio que as escolhas recairam preferencialmente sobre o Azul Barents. Lamento, mas não foi essa a cor escolhida por mim. Já deviam saber que nunca vou pela maioria e sou teimoso como tudo! Tenho de comprar uma camisa para fazer pandam. Agora é esperar por Março, já que me afiançaram que estão a fazer o carro com alumínio retirado das minas lunares, e o vidro é feito com areia das praias da Costa Rica, daí terem estendido a data de entrega...


*


STP, a Diva. Noite de diversão @ BA

22 de janeiro de 2010

Carta aberta para ti


Gostava de poder dividir com uma faca esse sofrimento e ajudar a sentir metade dele, porque estou mais habituado do que tu. Queria transformar os teus dias em meio horríveis ao dizer-te que sei o que estás a passar. Também eu já vagueei por essas horas fora com um nó na garganta e por esses locais de todos os dias como um cão envenenado pelo dono, como se o ar não entrasse no peito por mais que a boca o sugue com suspiros, e uma facada invadisse a barriga por cada vez que o pensamento teimasse em invadir aquele quarto escuro de recordações.
Sim, também já me aconteceu e por isso tudo o que eu queria era que não te acontecesse a ti também. Esgatanhei durante muito tempo as paredes do poço em que caí em busca de uma saída rápida que não existe.Depois, percebi que era mergulhando mais fundo na água salobra que descobriria um caminho. Não é fácil, está frio e escuro, e vários perigos se escondem. Nesse caminho nem sempre se tomam as opções mais acertadas - e não será essa a essência desse caminho? - porque no desespero de nos sentirmos bem vamos a correr chocar contra qualquer coisa que brilhe um pouco mais do que um basalto. E quase nada do que brilha é ouro, muito menos no mundo agitado de memórias.Se eu pudesse, descrevia-te o processo e desenhava-te um mapa do percurso que fiz. Poupava-te tempo e podias arrepiar caminho. Mas não posso, porque também ando à procura dele outra vez, e porque... bem, porque seria sempre o meu caminho, e não o teu.Certo é que vais andar durante muito tempo. Durante tanto tempo que até te vais esquecer e lembrar e tornar a esquecer para recordar outra vez onde estavas antes de caires no buraco, e a respectiva queda.E irás entretanto comparar cada coisa e pessoa que encontrares as que viste nos nos dias luminosos que viveste outrora, e perderás oportunidades que nunca perderias se fosses a pessoa que eras antes.

Vais odiar-te por isso.
Mas um dia, de um momento para o outro, sem que nada o faça esperar, vais sentir uma calma estranha. Virás à superfície, e não te garanto que o sol brilhe como antes, mas estará uma temperatura agradável, não choverá, e sentir-te-ás em paz contigo.Gostava de te transportar para esse dia com um abraço. E queria mesmo alertar-te para os perigos do tempo que passa e se confirma como o melhor photoshop que existe. Transforma o menos mau do passado no melhor que poderia acontecer-te no futuro, e nunca é assim que as coisas funcionam. É preciso tirar esses fotofilmes da cabeça e gravar novos, com outros temas, outras pessoas, outros locais, com o coração que tens agora e não com aquele que tinhas antes, porque ninguém te vai devolver o que ofereceste por muito que ambos queiram. Por isso, não desejes ter a tua vida toda de volta de repente. Mas, peço-te, não te convenças de que estás perante um nó górdio - impossível de desatar.
Como disseste um dia - e quase todas as pessoas no mundo desenvolvido devem ter dito isso um dia, perdoa-me a sinceridade - estas coisas fazem morrer dentro de nós alguma coisa. Fazem perder a esperança na natureza humana, no amor puro, nos contos de fadas, no para sempre e no nunca, na inexistência de impossíveis. Em troca, recebes medo, desventura, incapacidade de acreditar, desconfiança por mais que queiras confiar, desapego por mais que te queiras dedicar.
Lembras-te? A pior coisa que pode acontecer é a tua felicidade depender de outra pessoa. Talvez seja verdade, não o sei. Já acreditei e desacreditei e tornei a acreditar e tornei a desacreditar nisso. Não te posso ajudar com a resposta, talvez por ter escolhido ser agnóstico em relação ao amor. Na verdade, talvez tudo mude, talvez nada seja para sempre e só nos reste aproveitar enquanto a chama vive, e não nos arrependermos de cada vez que ela se apague mesmo que a protejamos com as mãos das brisas que sopram. O preço a pagar é o risco de morrer mais um bocado de cada vez que decidires fazê-lo.
Utiliza agora toda a coragem e força que mostraste antes, e usa-as todas para ti, não apenas metade. Fá-lo por ti. É a tua melhor opção, ainda que tivesses outras.
Sim, virás à superficie. Respirarás de alívio novamente, e nem será de alívio porque quando o fizeres em paz não será uma coisa brusca, como no acordar de um sonho mau. Viverás confortável na maior parte do tempo, e cada vez mais de quando em quando, em dias de chuva, lembrar-te-ás do que agora te destruiu por breves momentos, com uma tristeza bonita e controlada, sim, mas sem angústia.
E aí saberás que tens a tua vida de volta.
Já me aconteceu. Já lá cheguei uma vez, com batota ou sem ela, com tudo o que me custou e todo o tempo que demorei. E chegarei novamente, e sempre contigo por perto, portanto tu também. E isso to escrevo, to digo, to prometo e garanto.
E eu, como agora, estarei contigo para ficar também feliz com a tua reconquista.


21 de janeiro de 2010

Blockhead

Fo-da-sse! 8 horas de bloco?

Tenho os pés que parecem cascos ...
*
Afinal foram 9 horas. Os meus pés agora parecem hamburgueres. Mas deu para ir pensando e retirei algumas conclusões curiosas.
A primeira é que não estou com forma física suficiente para aguentar o tempo de bloco operatório. Os pés e os gémeos vão ter de ser mais trabalhados, e protegidos com meias de descanso.
Outra coisa de que me apercebi é que estou a ficar um bocado mais surdo. Mandam-me cortar esta linha ou afastar aquela estrutura e eu não ouço. Ou então é porque se calhar estão com máscaras e têm aquele hábito de falar para dentro e entre-dentes. Ou as duas coisas, não sei. Depois dizem-me: acorda, João!, como se eu fosse burro ou não estivesse com atenção, ou ambas as coisas.
A terceira coisa de que me dei conta é que não se apercebem de que sei bastante pouco (gosto desta junção de palavras), ou então apercebem-se e gostam daquele gostinho (outra bela junção) de detentores do conhecimento, como se as coisas fossem óbvias... e não explicam grandes porquês durante as cirurgias. Vou ter de começar a estudar mais e inundá-los de perguntas.
A quarta referência - mas não por ordem de importância - é para as minhas discípulas da pequena cirurgia (são do 5º ano), durante os bancos de urgência. Disseram-me que fui o melhor tutor do curso inteiro a explicar, e que quem lhes dera que fosse sempre assim nos outros estágios. Já sei o que vão pensar, mas aproveito já para dizer que todas elas têm namorado, portanto não vão por aí; e também não sou eu que lhes dou a nota, sublinho. E na verdade até me dá imenso jeito a ajuda delas. A questão é que - modéstia à parte - eu acredito nelas. Acredito porque a primeira vez que tive de suturar uma ferida (foi no meu 6º ano, precisamente no mesmo hospital onde agora estou), fugiram todos para o bloco operatório e deixaram-me sozinho a tratar de uma ferida gigante na cara de um espanhol que por lá apareceu por lhe terem partido um copo na cara. Ainda tive tempo de perguntar: dou anestesia, doutor? (como se eu soubesse dar uma anestesia local), ao que o tipo me respondeu: se fosse a tua cara, não gostarias que te dessem anestesia? Enfim... estive duas horas a coser o espanhol, sem nunca ter dado um ponto antes em carne humana (tinha cosido uns buracos numas tendas, em bolas de futebol, e talvez as aulas de têxteis em Trabalhos Manuais, no ciclo, me tenham dado jeito, mas...), sem nunca ter dado uma anestesia, sem nunca ter montado um campo de pequena cirurgia, sem nunca ter desinfectado uma ferida pré-sutura. Estive lá duas horas a coser o tipo, e ficou bastante aceitável.
Por isso sim, acredito nelas. Na verdade, dá-me imenso gozo ensinar o pouquinho que sei porque me sinto útil, e não vejo outra maneira de o fazer senão com reforços positivos. Acho que foi a coisa mais bonita que ouvi dizer desde que estou no ramo.
Isso faz-me pensar em alguns otários(as) que encontrei ao longo do curso e dos estágios que se intitulam de professores, de tutores, de orientadores, e por aí fora, que a única coisa que sabem fazer é gozar com a nossa cara, deixar-nos ao deus-dará, e depois ainda dizem que estão só a brincar connosco quando nos fazem passar por burros de maneira um pouco para além do roçar o agressivo. Deviam perceber que uma pessoa que está a aprender pelas primeiras vezes, tanto no geral, como particularmente numa cirurgia, com um gajo numa mesa de operações à frente, a dormir, a ouvir-se o peep peep peep da monitorização dos parâmetros vitais, se intimida com qualquer tipo de reforço negativo, e pode desmoralizar e deixar de gostar daquilo. É como com o primeiro beijo: alguém gostava de ouvir da primeira vez: acorda! que estás a fazer com a língua? que otário!
Não me interpretem mal: eu não me deixei desmotivar com essas pequenezes. Limito-me a olhar fixamente para a cara da pessoa e pensar: que atrasada mental estás tu a ser, enquanto pensas que és a mais esperta do mundo - e "borrifo-me" de alto. E às vezes até respondo à letra, só que às vezes é de forma tão subtil que nem percebem, e portanto acham que ainda sou mais burro. Sinceramente, gosto assim.
A quinta coisa que reparei é que no espaço de dois ou três meses, para aí meia dúzia de pessoas - todas raparigas, por acaso ou não - me disseram que sou um granda chato. Bem... como milhões de moscas não podem estar erradas, só vos posso dizer para baterem asas para outras partes!
Atentamente
O aprendiz de cirurgião.

16 de janeiro de 2010

15 de janeiro de 2010

Air

How strange is your love

How strange is your love

How warm is your love

Ah pois é... e eu vou estar lá amanhã... no Coliseu!

Four weddings and a funeral

Começo por dizer que não gosto nada da dupla de actores principais deste filme (Hugh Grant e Andie MacDowell) nem do próprio filme como um todo. Por outro lado, gosto de alguns dos actores secundários. Nunca tinha visto o filme, e acabei por vê-lo numa noite em que estava trocado de sonos.
Gostei muitíssimo deste poema que é usado no filme e que aqui deixo na língua original. Sei que há uma tradução do Vasco Graça Moura, que para mim não tem graça nenhuma. E sei também que está largamente difundido por esses blogs fora, mas tal como eu não conhecia, talvez alguns de vós também não o conheçam ainda.
Comecei por dizer que não gostava do filme como um todo. Mas tem duas ou três cenas muito boas, e na minha opinião a cena em que este poema aparece salva o filme.
Então o poema diz assim...:


Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.

W. H. Auden, Funeral Blues, 1936

13 de janeiro de 2010

Alright


But we are young, we get by,

Can't go mad, ain't got time,

Sleep around, if we like,

But we're alright,

Got some cash, bought some wheels,

Took it out, 'cross the fields,

Lost control, hit a wall,

But we're alright!


Gosto muito desta banda e tenho pena de ainda não os ter visto ao vivo. Esta música tem uns 15 anos e continua a transmitir alegria. Não ouvi muito o último álbum deles (foi lançado há uns dois anos, talvez), mas gosto de todos os outros.

*

Só pelo facto de encontrar uma pérola como esta, o FB vale a pena. Senti-me surpreendido, triste, contente, saudoso, e tudo e tudo. Bons tempos os do primeiro ano da FCUL. Aqui, neste preciso momento, neste preciso dia, neste preciso sítio, com toda a certeza do mundo feliz... isto apesar de a minha cara de totó não ser propriamente ilustrativa. As cores eram vivas, as gargalhadas estalavam no ar, o meu cabelo era comprido, e estava muito apaixonado. Nesta altura não podíamos saber que tudo muda, que nada é para sempre (a foto é "cortesia" do FB da minha antiga colega Ana Simões).

Não deixa de ser curioso o facto de nesta altura eu nem saber que não ia ficar no curso de bioquímica, e que havia um hospital ortopédico à beira da marginal, a poucas centenas de metros daqui. Passaram 12 anos e por mais vezes que aqui passe nesta praia (não parece uma praia, mas é real, é a praia das Avencas) não vai haver uma única que não me recorde deste dia, um dos mais dourados que tive.

11 de janeiro de 2010

Saint Joseph - 01

10:00
Ainda não apareceu ninguém para coser. E está a tocar a Blow up the outside world! Woo-hoo! Os Soundgarden estão de volta! (até que enfim que o Cornell ganhou juízo...).
*
9:00
Primeiro banco, na pequena cirurgia. Vou andar aqui a coser feridas e drenar abcessos, o que até é divertido. E posso pôr o pc a tocar na estação Grunge FM. Agora está a dar Nirvana (my girl, my girl, don't lie to me, tell me when did you sleep last night... lalala). A primeira hora já passou, e ninguém se aleijou, portanto estou aqui sozinho!